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  Petrópolis ocupa o 679º lugar no ranking nacional de emissões de gases poluentes

Data: 20/09/2021

 

Município ocupa o 679º lugar no ranking nacional de emissões de gases poluentes

 

Priscila Torquato – especial para o Diário de Petrópolis

 

“Petrópolis já não é mais a mesma”. Essa é uma das frases que mais ouvimos pela cidade quando os termômetros ultrapassam os 30°C por aqui. Conhecida como “cidade de veraneio”, o município não tem mais as mesmas características do passado. “Antigamente, a gente que é carioca, vinha para Petrópolis fugir do calor, mas agora não dá mais”, conta Alcir Aglio, que vinha para a cidade ainda criança passar temporadas na casa da avó no Boa Vista. E isso pode ser um efeito do aquecimento global.

Um levantamento do Observatório do Clima, através da plataforma SEEG reuniu dados das emissões de gases dos 5.570 municípios do Brasil. Petrópolis ocupa a 679ª posição nesse ranking, com uma taxa de emissão bruta de 499 Mil tCO2e, em 2018.  Os números foram divulgados em agosto deste ano. CO2 equivalente (CO2e) significa “equivalente de dióxido de carbono”, uma medida internacionalmente padronizada de quantidade de gases de efeito estufa (GEE) como o dióxido de carbono (CO2) e o metano.

“As preocupações com as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa são pertinentes, e certamente os efeitos serão desastrosos para a humanidade até o final do século. Mesmo antes, veremos as consequências climáticas, com desastres e eventos extremos, etc. Já tivemos alguns exemplos do que podemos esperar, com o furacão Ida, nos EUA, as temperaturas extremas (ondas de calor e frio) no hemisfério norte, incêndios florestais mundo afora, devido ao tempo seco e quente, e os demais efeitos da ação humana destrutiva”, pontua o presidente da Academia Brasileira Ambientalista de Letras (ABAL), o professor Cleveland M. Jones.

 

Emissões em Petrópolis

O SEEG coletou dados dos principais setores e subsetores responsáveis por emissões de gases de efeito estufa na economia brasileira (transporte, energia elétrica, mudança de uso da terra, agropecuária e resíduos). Os números de Petrópolis mostram que transporte público, alterações de uso do solo, fermentação entérica e resíduos sólidos têm os maiores percentuais dentro dos nichos separados pelo levantamento. 


 

“A falta de fiscalização e aplicação da lei é o maior agravante para nossos problemas ambientais, exacerbando problemas como as emissões de gases de efeito estufa e outras formas de poluição. As emissões de metano do antigo aterro de Pedro do Rio são um exemplo da falta de efetividade no controle ambiental, dada a baixa eficácia constatada em mais de uma visita de inspeção que realizei lá, constatando baixa eficiência de queima ou aproveitamento”, revela o professor Cleveland.

Um dos maiores percentuais apontados na pesquisa do Observatório do Clima na cidade está relacionado ao uso da terra. Para corroborar com as informações do relatório, o Diário solicitou ao Linha Verde, plataforma do Disque-Denúncia que recebe informações sobre crimes ambientais, números deste ano. Desmatamento florestal (171), extração irregular de árvores (147), construção irregular (108) e poluição do ar (59) são as atividades mais denunciadas da lista que conta ainda com registros de queimadas (17), lixo acumulado (17), entre outros.

 

Soluções para redução das emissões 

O professor Cleveland ressalta que além dos dados do levantamento, existem outros problemas ambientais que precisam de atenção. “A meu ver, problemas emergenciais, como os resíduos sólidos urbanos (RSU), a falta de saneamento, a falta de proteção e preservação dos nossos biomas, etc., Não estão sendo devidamente contemplados, pelo menos pela maioria das pessoas e da mídia.” Ele destaca que a resolução dos problemas passa pela elaboração de políticas públicas eficientes.

  “Acredito que as medidas que podem ter efeito positivo em nível local se referem ao cumprimento das leis ambientais já existentes. Como ambientalista atuante em Petrópolis, lamento que um município que em grande parte vive do turismo, que por sua vez é predominantemente atraído pelas suas belezas naturais, pelo seu verde, etc., esteja sendo tão omisso em relação à proteção desses mesmos ativos, e em relação à necessidade de garantir uma sustentabilidade ambiental, como prerrequisito para sustentar importantes vocações econômicas. Enquanto faltar aos nossos gestores e legisladores coragem e visão estratégica para defender o patrimônio ambiental do município, nossa vocação para o turismo sustentável estará ameaçada, assim como a qualidade de vida dos petropolitanos, e até sua saúde.”

 

 

 

Cleveland M. Jones é Geólogo e membro do Instituto Philippe Guédon.

 




 

 

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