Aline Rickly
Redação Tribuna
Moradores do bairro Duarte da Silveira estão assustados com o impacto das obras da nova pista de subida da serra no dia a dia de cada um. A construção teve início em 2011 e, desde então, quem reside no local tem sido pego de surpresa a cada nova intervenção da Concer – concessionária responsável pela obra. O drama dos moradores começou com a desapropriação das moradias. Além disso, quem não teve a casa desapropriada está sendo obrigado a conviver com uma grande movimentação de pessoas e máquinas diariamente, com barulho durante o dia inteiro e a poeira. A dona de casa Deia Mansos da Rocha, de 61 anos, foi uma das moradoras que teve a casa desapropriada. Ela teve que mudar no dia 9 de janeiro por causa de uma crise de rinite provocada pela poeira da obra e disse que dias depois a residência onde morou por cerca de 25 anos estava no chão. Atualmente, ela está vivendo junto com a filha de 35 anos e o filho de 41 na rua João Xavier, em uma casa que foi alugada pela Concer temporariamente. Deia disse que já foi indenizada e conseguiu comprar uma casa no Sargento Boening, mas a indenização não preencheu o vazio de ter que sair do bairro que tanto gostava. "Desde que me mudei ando num desânimo danado. Tive que deixar meus amigos, vizinhos antigos", disse.
Quando ficou sabendo da desapropriação ela rememorou: "Na hora entrei em pânico. Eles vieram para cá para tirar nosso sossego", declarou.
Já Daniela Regina Medeiros Batista, de 37 anos, mora desde que nasceu no bairro. A casa onde mora com o marido e duas filhas de 7 e 16 anos não foi desapropriada. Apesar disso, o medo é constante na vida dela desde 2011. "Uma das tubulações está na direção da minha casa. Sem contar que acontecem de 6 a 8 explosões por dia aqui. O nosso sossego acabou", contou.
Há duas semanas, ela relatou que houve um deslizamento de terra na encosta que fica atrás da residência e a lama invadiu a varanda e a cozinha da casa. Segundo Daniela, essa foi a primeira vez nessas três décadas que isso aconteceu. O motivo, de acordo com ela, é que foram colocados tubulões de obra no alto da encosta e na direção da casa dela. “Quando chove, como aconteceu há duas semanas, a terra da encosta que está sendo mexida acaba descendo porque não há uma contenção adequada”, declarou. Com isso, ela perdeu uma mesa, mas a concessionária enviou outra e ficou de fazer uma avaliação da casa dela e da necessidade de desapropriação.
O medo de Daniela também tem a ver com o viaduto que vai passar em cima. "Nossas casas estão embaixo dos tubulões. Não tem como não ficar com medo do que está por vir", afirmou.
Questionada se haverá mais desapropriações no bairro, a Concer não se manifestou até o fechamento desta edição. As obras da nova pista de subida estão previstas para serem concluídas em agosto de 2016.