A Mobilização Pró-Revitalização do Belvedere do Grinfo ficou indignada ao saber que o mirante será interditado para visitação durante três anos para que seja instalada uma área de apoio industrial para as obras de construção da nova subida da Serra, iniciadas no semestre passado pela Concer, concessionária que administra o trecho. O presidente da Associação Petropolitana de Engenheiros e Arquitetos (Apea), Luiz Amaral, que é um dos responsáveis pela mobilização, acionou a 3ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e aguarda a orientação da instituição para, por meios ilegais, impedir que o ponto turístico seja utilizado pela Concer como “canteiro de obras”.

- Vamos acionar o Ministério Público Federal, o Crea (Conselho Regional de Engenheiros e Agrônomos), o CAU (Conselho Regional de Arquitetos e Urbanistas) e a APA Petrópolis porque o local ficou por 17 anos sem obra e agora a Concer quer transformá-lo em canteiro de obras, com movimentação de caminhões, carga, tudo que provocará a degradação total do Belvedere. Já estamos prevendo ainda que vão querer transformar ali num bota fora, por isso, já vamos chamar também a APA Petrópolis para ficarmos atentos com a possibilidade de um crime ambiental – declarou Amaral.

Segundo a Concer, a “área de apoio industrial será instalada no entorno do monumento e funcionará em caráter temporário. A interdição se estenderá por três anos, até a conclusão da nova pista, e permitirá também a recuperação ambiental da área do Belvedere”. Ainda de acordo com a concessionária, “no local, a Concer instalará um pátio de estruturas pré-moldadas, que serão empregadas nas pontes e viadutos da nova pista, um escritório do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, ambulatório para operários da obra, entre outros serviços. A pista em construção pela Concer substituirá a atual subida da serra da Rio-Petrópolis, aberta em 1928.”

A Mobilização Pró-Revitalização do Belvedere do Grindo foi iniciada no ano passado e  chegou a recolher 10 mil assinaturas por melhorias no monumento, que fica no Km 89 da pista de descida da BR-040. Segundo os responsáveis, com a negativa da Concer em ficar responsável pelas melhorias e arcar com os custos, o grupo conseguiu parcerias com empresas privadas.

- Estamos preocupados com essa promessa de que após os três anos a Concer vai revitalizar. Ela não vai porque não tem projeto nenhum. Nós temos um projeto e conseguimos várias empresas interessadas em patrociná-lo. O Pedro Jonsson (presidente da concessionária) disse que não se interessava pelo Belvedere. Eu tenho gravada a fala da Viviane Esse (superintendente nacional da Exploração da Infraestrutura Rodoviária da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT) que disse na audiência pública na Câmara Municipal que aguardava o parecer final da jurídica da ANTT para a retirada do Belvedere do Grinfo do contrato de concessão da Concer porque a concessionária não tinha interesse – lembrou.

O ponto turístico, que é uma construção do final da década de 50, permite uma visão da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro e Serra da Estrela. O local está fechado há 20 anos, mas, apesar de pichações e infiltrações, desperta olhares por sua beleza. O monumento, que tem o formato de um prato suspenso,  assemelha-se  ao museu de Oscar Niemeyer em Niterói (que foi inaugurado quatro décadas depois), e nos tempos de funcionamento abrigava um restaurante e a fonte tríplice-circular, que faz parte do conjunto arquitetônico.