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  Firjan: atraso em obras da Serra pode custar R$ 1,5 bi

Data: 03/11/2016

 

Firjan: atraso em obras da Serra pode custar R$ 1,5 bi


Estudo projeta possibilidade de conclusão da duplicação da BR-040 em 2031 e impacto logístico e de acidentes na rodovia até lá

Rômulo Barroso - romulobarroso@diariodepetropolis.com.br

 

 

No pior cenário possível, em que a conclusão da obra ficaria para 2031, o custo do atraso da entrega da Nova Subida da Serra pode chegar a R$ 1,5 bilhão. O estudo é da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que levou em consideração para o cálculo o impacto logístico para as empresas e dos acidentes na rodovia até lá. Porém, o prazo extenso e uma possível prorrogação do contrato da Concer para o término da construção geraram críticas do deputado federal Hugo Leal, do prefeito eleito de Petrópolis Bernardo Rossi, do presidente da Câmara de Vereadores Paulo Igor e do presidente do Sicomércio Marcelo Fiorini.

No estudo “Impactos socioeconômicos da postergação de obras nas rodovias federais concedidas no Rio de Janeiro”, que levantou dados de outras estradas do estado, a Firjan buscou dados desde 2008 – o que significa quase uma década e reduz a possibilidade dos números serem pontuais, acabam retratando mais a realidade. Com isso, a entidade chegou a números em duas áreas diferentes.

 

Logística

A Nova Subida da Serra vai melhorar a geometria e alargar a pista. Com isso, a velocidade média vai aumentar, mantendo a segurança da viagem. De acordo com a Firjan, um caminhão pesado, que atualmente desce a rodovia com média de 40 km/h, vai poder passar para 65 km/h a 80 km/h – ou diminuir a viagem em cinco minutos. Para um carro ou caminhão leve, o tempo na estrada pode cair até 10 minutos.

Sem a Nova Subida da Serra, o impacto dessa pequena demora será imensa até 2031: a perda financeira em logística pode chegar a R$ 673,92 milhões. Com a viagem maior, o gasto extra com combustível (além do impacto ambiental) pode alcançar R$ 465,15 milhões. E, com isso, o gasto extra com frete pode ser de R$ 22,27 milhões.

 

Acidentes

Se a questão financeira é assustadora, com acidentes é ainda maior. De acordo com a Firjan, há estudos internacionais que comprovam que melhorias em estradas reduzem acidentes em até 75% – durante a obra, com os motoristas mais atentos por causa dos canteiros, esse índice alcança 90%. E isso estava acontecendo.

Dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal) mostram que, em 2014, primeiro ano da obra em pleno vapor, o número de acidentes foi de 625; no ano passado, caiu para 326; já para esse ano, a projeção é fechar em 188 ocorrências. Se a obra fosse entregue dentro do cronograma estabelecido, os números poderiam estabilizar em torno de 200, pela projeção da Firjan.

Mas, sem a obra, a possibilidade é que os acidentes com feridos possam ficar próximos de 1,8 mil até 2031, a um custo de R$ 290,57 milhões – incluindo a mobilização de socorro, hospital, tratamento, afastamento do trabalho, etc. Aquele sem vítimas seriam em torno de 1,7 mil, com custo de R$ 20,51 – por causa das perdas materiais, seja com carro danificado, conserto da pista, etc. Já os com morte são projetadas em quase 100, com custo de R$ 71,98 milhões.


Por isso, a Firjan defende a imediata retomada das obras.

– A posição da Firjan é que a obra tem que ser retomada agora, o governo escolhe a forma para isso deve acontecer. O que não pode é paralisar e postergar a obra, causando esse impacto econômico e social. O TCU está discutindo se pode haver a extensão do contrato, mas, enquanto isso, a obra está parada. A retomada significa também salvar vidas. Quem é que vai se responsabilizar por isso? Ninguém vai suportar esperar até 2031 – comentou o gerente de infraestrutura da Firjan e um dos coordenadores do estudo, Riley Rodrigues.

 

Repercussão negativa

 

 

O deputado Hugo Leal (PSB) disse que o prejuízo é muito maior porque a obra deveria ter sido entregue há 10 anos. No entanto, ele rechaça a possibilidade extrema da obra ficar pronta apenas em 2031.

 

 

 

– Esse prazo até 2031 é absurdo. Pela quantidade de dinheiro público já aportado e as intervenções feitas, a Nova Subida da Serra pode ser concluída em um ano e meio. E é isso que queremos. E isso só não acontece porque a concessionária parou a obra para forçar a prorrogação do contrato. Há dois caminhos a seguir e as duas sugestões já apresentei à ANTT: ou o governo assume a obra da Nova Subida da Serra e faz nova licitação ou a Concer pede financiamento ao BNDES, que pode ser transferido a próxima concessionária depois de 2021, para concluir a obra. Nos dois casos, é perfeitamente possível a conclusão da NSS em menos de dois anos – comentou.

 

 

Prefeito eleito de Petrópolis, Bernardo Rossi (PMDB) ressaltou que além desse impacto, o usuário da pista paga o pedágio (que deveria ser utilizado para garantir a obra) e impostos, de onde saem os aportes feitos pelo governo federal.

 

 

– Ampliando o documento da Firjan, que prevê prejuízos de R$ 1,5 bilhão em 15 anos e incluindo ainda os custos da obra, hoje em R$ 1,6 bilhão, o impacto para a sociedade é de mais de R$ 3 bilhões. Isso porque o aporte do governo federal de mais de 80% do valor da obra sai dos impostos que todos pagamos. E o usuário paga hoje pelo pedágio, que deveria garantir a obra, mas paga também pelo recurso da União, ou seja, é duplamente taxado e triplamente penalizado porque mesmo arcando com o custo depende de uma estrada deficiente – afirmou.

Ele e o presidente da Câmara, Paulo Igor (PMDB), prometeram articulação política para cobrar a finalização da obra. Igor ainda disse que “o estudo da Firjan confirma o que há anos temos alertado: Petrópolis perde com o desrespeito da Concer ao contrato de concessão da BR-040”.

– Há mais de 10 anos os empresários, o setor de turismo e toda economia são impactados por isso. O contrato prevê que a duplicação da pista de descida deveria ter sido concluída até 2006 com recursos próprios da Concer, mas o que vemos é uma obra parada, apesar do aporte financeiro de milhões de reais feito pelo governo federal. A cidade não pode continuar sofrendo com o atraso na construção da nova pista de subida da Serra – disse.

 

 

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Petrópolis (Sicomércio), Marcelo Fiorini, classificou os números como “alarmantes”.

 

 

 

 

 

– É lógico que essas questões são um tanto quanto subjetivas, porque você não tem como mensurar, mas tem como dizer o que você perde por causa de transtornos, porque as pessoas deixam de vir à cidade. Eu acho que a gente pode considerar os números alarmantes, preocupantes, porque o impacto da Nova Subida da Serra é um dos principais problemas que a gente tem na nossa cidade e na nossa região, porque acabam prejudicando uma série de coisas – analisou.


Por que 2031?

A construção da Nova Subida da Serra está paralisada desde julho desse ano. Para a retomada das obras, duas opções estão em discussão: a primeira é de continuação imediata pela Concer, com posterior extensão do contrato para compensação do investimento feito; e a outra é a de esperar a concessão ser encerrada e passar a administração da pista para outra empresa.

O problema é que, segundo a Firjan, nesse caso, entre a espera do fim do atual contrato e licitação para contratar uma nova empresa, a obtenção de licenças para retomar a obra, a acumulação de fluxo de caixa, a recuperação do que construído e ficou paralisado e a conclusão do que falta ser feito, a entrega pode ser postergada para 2031. Já na primeira possibilidade, a Nova Subida da Serra poderia ficar pronta em mais dois anos – com custo de cerca de R$ 500 milhões.

Ou seja, sem a continuação da obra, passa-se de um custo de R$ 500 milhões em dois anos para um prejuízo econômico e social de R$ 1,5 bilhão, segundo a Firjan – 72,2% superior ao valor total da obra, de R$ 897 milhões. Esse valor ainda é visto como “conservador” pela entidade.

– Se a economia crescer, e a expectativa é que isso aconteça, a proporção é que a cada 1% de aumento do PIB (Produto Interno Bruto), a circulação de carga nas rodovias cresça de 2% a 2,5%. Então nós sabemos que esses valores serão diferentes, nós estamos falando R$ 1,5 bilhão com valores de hoje – ressaltou Riley Rodrigues.

Porém, um possível prolongamento do contrato de concessão da Concer desagrada políticos da cidade. 

 

Bernardo Rossi

Para o prefeito eleito Bernardo Rossi, a obra é urgente para Petrópolis “e como prefeito eleito tenho agora mais força para cobrar que ela seja concluída. Já começamos junto ao TCU e ao Ministério dos Transportes interferências neste sentido”.

Além da projeção do impacto econômico e de acidentes, há o impacto de perda de qualidade de vida para quem depende da estrada diariamente. Além dos acidentes com caminhões de carga que são registrados quase que todos os dias e que deixam as pistas fechadas muitas das vezes, os usuários agora têm enfrentado a estrada com pistas reduzidas em função das obras, que estão abandonadas.

Ao mesmo tempo estamos cobrando que ela seja concluída, queremos garantir que seu custo não seja repassado ao usuário – seja ele pessoa física ou indústria, comércio e prestadores de serviço que dependem da estrada – já penalizado desde 1996 com uma empresa que não cumpre seu contrato nem respeita a nossa cidade.
Hugo Leal

Para o deputado federal a primeira pergunta que deve ser feita: “é quem vai pagar pelo imenso prejuízo causado a Petrópolis pelo atraso da Concer em começar a obra da Nova Subida da Serra que, pelo contrato, devia ter começado em 2001 e terminado em 2006? É a própria concessionária que vai pagar? Ou é a União? Creio que o prejuízo causado por esses 10 anos, até agora, de atraso vai muito além de R$ 1,5 bilhão”.
A segunda questão é por que está se calculando um prazo tão longo para o fim da obra?

 

Paulo Igor

 

 

Ao lado do prefeito eleito Bernardo Rossi, o presidente da Câmara diz que estará cobrando a conclusão das obras. “Precisamos desenvolver o turismo, atrair empresas, gerar empregos e a nova pista de subida da serra tem um papel fundamental neste cenário. Estou certo de que a articulação política do Bernardo será uma aliada importante para a solução deste problema”.

 

Nos últimos anos a Câmara tem cobrado a conclusão das obras. Os advogados da Casa têm atuado e continuamos brigando pela redução da tarifa de pedágio, assim como por melhorias na atual pista de subida, pois o crescimento de Petrópolis depende da BR-040.

 

 

 




 

 

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