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  O PETRÓPOLIS DE 2040 (3) - Philippe Guédon

Data: 06/04/2019

 

O PETRÓPOLIS DE 2040 (3)

Philippe Guédon *

 

            Planejar e profetizar são ações que acontecem em planos totalmente diversos. Não se pretendia, aqui, concorrer com magos ou druidas, adivinhar o resultado de uma batalha a ser travada lendo vísceras de animal. Planejar era preciso para que parássemos de girar como derviches e adotássemos metas e rumos. Desde a primeira hora, o Povo soube que planejamento não era ciência exata nem clarão com visão du futuro, mas apenas o duro exercício de partir da realidade presente, levar em conta os fatores que podiam influenciar o futuro e tentar harmonizar os sonhos das pessoas com as limitações orçamentárias e os mil imprevistos que o caminho nos reservaria.

            Cansados de improvisos substituídos a cada quatro anos por outros tão irresponsáveis quanto, o Povo adotou a feliz imagem do Peregrino de Santiago de Compostela, que adotara o roteiro da França. Estava ele em Saint Jean Pied de Port, tinha por meta uma vila no noroeste da Espanha distante uns 800 quilômetros, a cujo percurso poderia dedicar um mês. Não lhe era dado, entretanto, prever chuvas, sol e ventos, espinho no pé ou lombalgia, assaltantes ou um javali enfezado no caminho. Do mesmo mofo que o Peregrino fazia ao final de cada etapa diária, o Povo de Petrópolis ao término de cada quadriênio também avaliaria o percurso efetivamente coberto em relação ao planejado. Os ajustes seriam feitos, pois não se tratava de adivinhação, mas de planejamento; ué, só sabe que afastou-se da trilha certa quem a definiu antes. Como nunca souberam onde pretendiam ir, nosso partidos e mandatários sorriem aos fotógrafos, mesmo nos levam direto para o despenhadeiro, que nem desconfiam estar ali, logo depois da curva.

            Se o peregrino não definisse ter Santiago por destino, ficaria rodando pelas ruelas de Saint Jean Pied de Port, sem saber se sairia pela porta do norte, ou pelos caminhos do sul, leste ou oeste. Conhecendo o rumo, pé na trilha, com o objetivo de ir até determinado ponto; o mais, escapava-lhe à vontade, mas ele saberia curvar-se aos fatos, encontrar a melhor solução e seguir em frente até Santiago, no nosso caso 2040. E Santiago viraria ponto de partida para outra peregrinação, dado ser muito grande a fé e toda a sua vida nada menos que uma única e longa peregrinação.

            Não se queria, nos idos de 2019, contestar as leis federais tão mal feitas que regem a matéria, por ser mais objetivo com elas conviver do que forçar a sua revisão por tantas Excelências. Um dia seriam lidas por quem de direito que morreria de rir ao constatar que pessoas tão notáveis e sábias haviam confundido Município com cidade, urbano com municipal, propostas com planos, linhas mestras com chutes a esmo, administradores com donos. Cabia, enquanto isto, convivermos com as Leis e usá-las em proveito do Povo. Se o Povo só deve abrir mão de sua ação direta quando há mandatário eleito, pois quando não há nenhum, não carece de intermediário.

O Povo de Petrópolis que viveria no Município em 2040, tinha direito à uma realidade muito melhor; a jornada podia ser longa, mas os zigue-zagues impostos pelos partidos se transformariam em etapas da vontade do Povo, cada uma me levando para mais perto da meta.

 

 

* Coordenador da Frente Pró Petrópolis - FPP




 

 

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