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  Laudo técnico indica riscos para 13 casas no Indaiá

Data: 18/07/2012

 

 

Apesar de um laudo do Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ), que apontou como de "alto risco" a situação de duas pedreiras no bairro São Sebastião, onde pedras ameaçam pelo menos 13 famílias, a prefeitura ainda vai analisar as medidas que serão tomadas para proteger os moradores que convivem com o medo de deslizamento de  pedras. No mês passado, o descolamento de um bloco em um paredão de pedras no fim da Rua Franklin Roosevelt, destruiu parte da varanda de uma casa e por pouco não atingiu o cômodo onde haviam três mulheres e três crianças. O laudo técnico feito neste local aponta que quatro famílias devem ser retiradas por conta do risco. Os estudos foram feitos também na Rua Capitão Paladini e Adão Brand, onde pedras de grande porte preocupam moradores. Naquele ponto do bairro, a indicação dos técnicos é para a retirada de pelo menos nove famílias que estão ameaçadas.

 

A Coordenadoria de Defesa Civil informou que recebeu anteontem o laudo com as recomendações do DRM. “Neste momento, a Defesa Civil realiza as adaptações necessárias para que seja emitido um laudo, por conta da análise feita em conjunto com o DRM dos locais. Este documento apresentará todas as medidas necessárias que serão aplicadas no local e estará disponível a partir desta quinta-feira”, diz a nota da assessoria de Comunicação da Prefeitura.

A vistoria técnica sobre as pedras que ameaçam residências no São Sebastião foi solicitada pelo vereador Albano Filho (Baninho). No documento encaminhado anteontem ao parlamentar, o presidente do DRM-RJ, Flavio Erthal, alerta que a situação é de alto risco, pois “trata-se de maciços rochosos muito fraturados, com lascas de alívio em toda a sua  extensão”. Ainda segundo a avaliação dos especialistas, o pedaço rochoso mobilizado no dia 15 de junho apresenta blocos instáveis que indicam a possibilidade de ativação do movimento de massa, com riscos de acidentes para todas as residências que estão na base da encosta.

 

“Como os próprios geólogos explicam, o bairro cresceu dentro de um vale, ou seja, algumas casas ficam muito próximas aos blocos rochosos e muitos são camuflados por vegetação. Medidas urgentes precisam ser  tomadas para garantir a segurança dos moradores, já que os episódios de desprendimento de pedras são recorrentes. No mesmo local onde ocorreu o acidente no mês passado, mais duas situações semelhantes já  haviam sido registradas em 1992 e em 2000”, salientou Baninho.

 

O  engenheiro Raul Fanzeres, da subsecretaria da Região Serrana – divisão da Secretaria de Obras do Estado do Rio de  Janeiro –, esteve  na servidão Capitão Danilo Paladini três dias após  o desprendimento da pedra e, acompanhado pelo vereador, fez a  avaliação técnica.

Além da  interdição das casas naquela área, o relatório sugere a fixação de lascas e  blocos maiores e a implantação de barreiras flexíveis. Também são  necessárias obras de contenção na servidão, priorizando os trechos já afetados por escorregamentos no passado. “Isso tem que ser feito com urgência e os moradores não podem ficar sem suporte. Eles já sofreram bastante e devem ser devidamente assistidos”, pontua Baninho.

Além de tornar público o laudo de vistoria, o vereador vai enviar cópias do documento às autoridades competentes, entre as quais os Ministérios Públicos Estadual e Federal. O relatório sugere a interdição de 13 casas nas ruas Capitão Paladini e   Franklin Roosevelt. O documento já  foi enviado ao Departamento Geral de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro e do município. O laudo também ressalta a necessidade de se fazer um mapeamento geológico-geotécnico detalhado de toda a área,

 

 

Laudo aponta que moradores de outro ponto do bairro também estão em risco

 

O DRM-RJ se colocou à disposição do vereador, que quer o estudo  geológico-geotécnico do bairro, que tem aproximadamente 10 mil moradores. “Precisamos desta  avaliação global da região, já que não se trata de um problema pontual”, afirma Baninho.  A pedido do parlamentar, o departamento também avaliou a situação de outra pedra, com cerca de 30 toneladas, que há 2 anos foi atingida por um raio e rachou, ameaçando 30 casas nas ruas Capitão Paladini e Adão Brand. O laudo aponta que é preciso fazer a remoção de oito casas, além de obras urgentes de contenção.

Neste caso, o alto risco é decorrente de uma série de fatores: os blocos rochosos com volume total de 40m³ recebem o peso do aterro e do lixo acumulado  no platô de uma casa, além de todo o fluxo de água pluvial, já que uma canaleta de drenagem foi destruída e a água teve seu fluxo desviado para a rocha. “Caso os blocos rochosos se desloquem em queda livre, poderá ocorrer uma corrida de massa de detritos por uma extensão maior que 200m”, consta no documento.

“É inadmissível que uma situação como esta seja tratada com descaso. São cerca de 30 casas no caminho deste enorme bloco de pedra, que pesa aproximadamente 30 toneladas, e as famílias convivem com este perigo há mais de 10 anos”, disse Baninho, que há dois meses esteve na obra que foi iniciada há 10 meses e paralisada há quatro, por conta da necessidade de ajustes no projeto.

Na época, o vereador cobrou  providências da empresa Tecnosonda, do governo do Estado – responsável pela obra – e da Secretaria de Obras do Município, que deve  fiscalizar o andamento dos trabalhos.

A questão provocou ações judiciais e técnicos do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) chegaram a emitir laudos que confirmam a  gravidade da situação. O bloco rochoso também foi estudado, em 2010, por geólogos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela  empresa de Geotécnica do Estado (Geo-Rio).

O Ministério Público Estadual já determinou que a obra de contenção seja feita, mas durante a visita dos técnicos do DRM-RJ, em junho, foi possível constatar que os riscos continuam. Segundo o relatório, a rocha possui um sistema de falhas em degraus, o que, diante do deslocamento de um bloco, levaria à instabilização do anterior e assim por diante, ou seja, haveria a chance da ruptura total da encosta.

“Todos os especialistas já deram seu parecer: é preciso tomar medidas  urgentes, não há mais o que esperar. Enquanto o tempo passa, os  moradores correm risco de vida”, declarou Baninho, que, através de ofício, solicitou, mais uma vez, a retomada das obras de contenção da pedra, como recomenda o laudo. Na avaliação dos geólogos, é preciso implantar um muro de gabião na base da encosta, além de realocar as oito casas existentes abaixo do bloco.

 

 

 

 

 

FONTE: Tribuna de Petrópolis




 

 

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