Mais 1,3 milhão de pessoas entraram na fila em busca de um trabalho no país no terceiro trimestre frente ao segundo trimestre.
A taxa de desocupação subiu em dez estados e ficou estável nos demais. Bahia (20,7%) teve a maior taxa e Santa Catarina (6,6%), a menor.
Taxa de desocupação foi de 12,8% para os homens e 16,8% para as mulheres.
O contingente de ocupados reduziu para 82,5 milhões de pessoas, e o nível de ocupação foi de 47,1%.
O número de pessoas com carteira assinada caiu 2,6% no terceiro trimestre frente ao anterior, com perda de 790 mil postos.
A taxa de informalidade (38,4%) corresponde a 31,6 milhões de pessoas.
Ocupação aumentou somente na construção e na agricultura.
Taxa de subutilização foi maior em Alagoas (49,3%), Maranhão (47,1%) e Sergipe (46,3%).
A taxa de desocupação chegou a 14,6% no terceiro trimestre do ano, uma alta de 1,3 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (13,3%). Essa é a maior taxa registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Ou seja, mais 1,3 milhão de desempregados entraram na fila em busca de um trabalho no país.
No período, a taxa de desocupação subiu em dez estados e ficou estável nos demais. As maiores taxas foram na Bahia (20,7%), em Sergipe (20,3%) e em Alagoas (20,0%). Já a menor foi registrada em Santa Catarina (6,6%). Os maiores crescimentos da taxa de desocupação foram registrados na Paraíba (4 p.p.), no Amapá (3,8 p.p.) e em Pernambuco (3.8 p.p.). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (27) pelo IBGE.
Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, o aumento na taxa de desemprego reflete a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19. “Houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre. Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, explica.
O contingente de ocupados reduziu 1,1% na comparação com o segundo trimestre, totalizando 82,5 milhões de pessoas, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Houve uma retração de 883 mil pessoas. Com isso, o nível de ocupação foi de 47,1%, também o menor da série, uma queda de 0,8 ponto percentual frente ao trimestre anterior (47,9%). Desde o trimestre encerrado em maio, o nível de ocupação está abaixo de 50%, o que aponta que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.
A analista observa que todas as categorias perderam ocupação, sendo que o número de pessoas com carteira assinada caiu 2,6% no terceiro trimestre frente ao anterior, com perda de 788 mil postos e totalizando 29,4 milhões de empregados com carteira assinada no país.
O percentual de empregados com carteira de trabalho assinada era de 76,5% dos empregados do setor privado. Os maiores percentuais estavam em Santa Catarina (90,5%), Paraná (85,1%), Rio Grande do Sul (84,3%) e São Paulo (82,3%) e os menores no Maranhão (51,3%), Pará (53,9%) e Piauí (54,1%).
Já a taxa de informalidade foi de 38,4% no trimestre encerrado em setembro, o que equivale a 31,6 milhões de pessoas sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração. No trimestre anterior, esse percentual foi 36,9%.
Ocupação cresce apenas na construção e na agricultura
Apenas as atividades de construção e agricultura tiveram crescimento da população ocupada no terceiro trimestre. Na construção o aumento foi de 7,5%, o que representa 399 mil pessoas a mais trabalhando no setor. Já na agricultura a alta foi de 3,8%, com mais 304 mil trabalhadores.
“A atividade da construção foi a que mais aumentou no período. Isso porque pedreiros ou outros trabalhadores conta própria, que tinham se afastado do mercado em função do distanciamento social, retornaram no terceiro trimestre com a reabertura das atividades e a demanda por pequenas obras, como reformas de imóveis”, explica Adriana Beringuy.
A analista da pesquisa acrescenta que na agricultura, a alta na ocupação pode estar relacionada à sazonalidade do cultivo. “A agricultura, de modo geral, tem ritmo diferente das demais atividades. Além disso, o setor sofreu menos os efeitos da pandemia, pois é uma atividade que se situa no campo, onde o impacto do distanciamento social foi menor do que na cidade”, afirma Beringuy.
Desemprego chega a 17,9% no Nordeste, enquanto no Sul é de 9,4%
No terceiro trimestre, a taxa de desocupação atingiu o recorde de 17,9% no Nordeste, o maior número entre as grandes regiões. Já o Sul teve a menor taxa entre elas: 9,4%. Em relação às unidades da federação, as maiores taxas de desocupação também estavam no Nordeste, enquanto os estados do Sul tiveram as menores.
“A taxa de desocupação, na comparação trimestral, subiu em dez unidades da federação, permanecendo estável nas demais. Ou seja, nenhuma unidade da federação do país conseguiu mostrar uma retração dessa taxa no terceiro trimestre. Isso mostra que todos os estados tiveram, de alguma forma, o mercado de trabalho bastante afetado”, explica Beringuy.
Alagoas tem a maior taxa de subutilização; Santa Catarina, a menor
A taxa composta de subutilização da força de trabalho, que é o percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada, foi maior em Alagoas (49,3%), seguido por Maranhão (47,1%) e Sergipe (46,3%). Os únicos estados em que a taxa de desocupação ficou abaixo de 20% foram Santa Catarina (12,7%) e Mato Grosso (18,7%).
“A taxa de subutilização mantém uma tendência de crescimento, permanecendo aquele panorama em que as unidades da federação do Nordeste têm as maiores taxas de subutilização e as do Sul, as menores. Isso está relacionado à própria estrutura do mercado de trabalho local dessas localidades”, explica a analista da pesquisa.
De acordo com a pesquisadora, no Nordeste há muitas pessoas que estão na força de trabalho potencial, ou seja, não estão pressionando o mercado, mas têm potencial para fazer parte dele. “Muitas vezes o próprio mercado, a estrutura econômica local, não absorve essas pessoas. A questão da subutilização no Nordeste tem a ver com as características econômicas da própria região, onde há muito trabalho informal e muitas pessoas fora da força de trabalho. Isso acaba elevando esse indicador nessa região”, conclui.
PNAD Contínua: taxa de desocupação é de 14,6% e taxa de subutilização é de 30,3% no trimestre encerrado em setembro
A taxa de desocupação (14,6%) no trimestre de julho a setembro de 2020 foi a mais alta da série histórica iniciada em 2012, crescendo 1,3 ponto percentual (p.p) em relação ao trimestre de abril a junho (13,3%) e 2,8 p.p. frente ao trimestre julho a setembro de 2019 (11,8%).
A população desocupada (14,1 milhões de pessoas) subiu 10,2% (mais 1,3 milhão de pessoas) frente ao 2ª trimestre (12,8 milhões) e subiu 12,6% (1,6 milhão de pessoas a mais) em relação mesmo trimestre de 2019 (12,5 milhões).
A população ocupada (82,5 milhões) chegou ao patamar mais baixo da série histórica e caiu 1,1% (menos 880 mil) frente ao trimestre anterior e 12,1% (menos 11,3 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2019.
O nível de ocupação (47,1%) foi o mais baixo da série, caindo 0,8 p.p. frente ao trimestre anterior e 7,7 p.p. contra o mesmo trimestre de 2019.
A taxa composta de subutilização (30,3%) é recorde da série, subindo 1,2 p.p. em relação ao 2ª trimestre (29,1%) e 6,3 p.p. frente ao mesmo trimestre de 2019 (24,0%).
A população subutilizada (33,2 milhões de pessoas) subiu 3,9% (mais 1,2 milhões) frente ao trimestre anterior e de 20,9% (mais 5,7 milhões) contra o mesmo trimestre de 2019.
A população na força de trabalho (96,5 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre anterior e caiu 9,2% (menos 9,8 milhões de pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019.
A população fora da força de trabalho (78,6 milhões) atingiu o maior nível da série histórica, com altas de 1,0% (mais 785 mil pessoas) ante o trimestre anterior e de 21,2% (mais 13,7 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
A população desalentada (5,9 milhões) é recorde da série, com alta de 3,2% (mais 183 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e de 24,7% (mais 1,2 milhão de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.
O percentual de desalentados na população na força de trabalho ou desalentada (5,7%) ficou estável ante o trimestre anterior e subiu 1,5 p.p. contra o mesmo trimestre de 2019.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos), estimado em 29,4 milhões, caiu 2,6% (menos 788 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 11,2% (menos 3,7 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9 milhões) aumentou 4,3% (mais 374 mil pessoas) frente ao 2º trimestre e 23,9% (menos 2,8 milhões) ante o mesmo trimestre de 2019.
O número de trabalhadores por conta própria (21,8 milhões) variou 0,6 (mais 119 mil) contra o trimestre anterior e caiu 10,8% (menos 2,6 milhões de pessoas) frente ao mesmo período de 2019.
O número de trabalhadores domésticos (4,6 milhões) caiu 2,2% (menos 102 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 26,5 % (menos 1,7 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019 (4,2%).
A taxa de informalidade chegou a 38,4% da população ocupada (ou 31,6 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, a taxa foi 36,9% e, no mesmo trimestre de 2019, 41,4%.
O rendimento médio real habitual (R$ 2.554) no trimestre terminado em setembro ficou estatisticamente estável frente ao trimestre anterior (R$ 2.519) e subiu 8,3% contra o mesmo trimestre de 2019 (R$ 2.359).
A massa de rendimento real habitual (R$ 205,3 bilhões) ficou estável frente ao trimestre anterior e caiu 4,9% (menos R$ 10,6 bilhões) em relação ao mesmo trimestre de 2019.
Indicador/Período
Jul-Ago-Set 2020
Abr-Mai-Jun 2020
Jul-Ago-Set 2019
Taxa de desocupação
14,6%
13,3%
11,8%
Taxa de subutilização
30,3%
29,1%
24,0%
Rendimento real habitual (R$)
2.554
2.519
2.359
Variação do rendimento real habitual em relação a:
1,4% (estável)
8,3%
Nos grupamentos de atividade, frente ao trimestre anterior, a ocupação cresceu em: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (3,8%, ou mais 304 mil pessoas) e Construção (7,5%, ou mais 399 mil pessoas). Houve reduções em Transporte, armazenagem e correio (5,2%, ou menos 227 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,7%, ou menos 616 mil pessoas). Nos demais grupamentos, não houve variação estatisticamente significativa
Taxa de desocupação – Brasil – 2012-2020 (%)
Frente ao mesmo trimestre de 2019, houve reduções da ocupação na Indústria (12,2%, ou menos 1,5 milhão de pessoas), Construção (16,6%, ou menos 1,1 milhão de pessoas), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (13,5%, ou menos 2,4 milhões de pessoas), Transporte, armazenagem e correio (15,5%, ou menos 755 mil pessoas), Alojamento e alimentação (29,9%, ou menos 1,6 milhão de pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (6,5%, ou menos 688 mil pessoas), Outros serviços (20,8%, ou menos 1,0 milhão de pessoas) e Serviços domésticos (26,5%, ou menos 1,7 milhão de pessoas). Nos dois outros grupamentos, não houve variação estatisticamente significativa.
A força de trabalho potencial (12,8 milhões de pessoas) caiu 4,9% (menos 665 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e aumentou 63,1% (mais 5 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.
O número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas (6,2 milhões) aumentou 10,6% em comparação com o trimestre anterior (mais 597 mil pessoas) e caiu em relação ao mesmo trimestre de 2019 (-11,8% ou 834 mil pessoas a menos).
Taxa composta de subutilização – trimestres de julho a setembro – 2012 a 2020 – Brasil (%)
O número de empregadores (3,6 milhões de pessoas) ficou estável frente ao trimestre anterior e recuou 11,6% ante o mesmo trimestre de 2019 (menos 509 mil pessoas).
A categoria dos empregados no setor público (11,8 milhões de pessoas), que inclui servidores estatutários e militares, caiu frente ao trimestre anterior (-4,3% ou menos 532 mil pessoas) e ficou estável em relação ao mesmo trimestre de 2019.
O rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal, segundo os grupamentos de atividade e em relação ao trimestre abril-junho de 2020, mostrou aumento em: Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (7,6%, ou mais R$ 255) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,2%, ou mais R$ 114). Houve redução nos seguintes grupamentos: Construção (5,6%, ou menos R$ 110); Outros serviços (6,9%, ou menos R$ 132) e Serviços domésticos (2,7%, ou menos R$ 25).
Frente ao mesmo trimestre de 2019, o rendimento teve aumento em: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (7,5%, ou mais R$ 100); Indústria (13,2%, ou mais R$ 308); Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (6,8%, ou mais R$ 128); Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (7,8%, ou mais R$ 261) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (5,1%, ou mais R$ 179). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa.
A análise do rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal, segundo a posição na ocupação, frente ao trimestre de abril-junho de 2020, mostrou aumento nas categorias: Empregado no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (3,8%, ou mais R$ 145) e Empregador (6,6%, ou mais R$ 417). Houve redução para o Trabalhador doméstico (2,7%, ou menos R$ 25) e estabilidade nas demais categorias.
Ante o trimestre de julho a setembro de 2019, houve aumento nas categorias: Empregado com carteira de trabalho assinada (3,4%, ou mais R$ 76); Empregado sem carteira de trabalho assinada (15,6%, ou mais R$ 225); Empregado no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (5,2%, ou mais R$ 195); Empregador (12,6%, ou mais R$ 756) e Conta-própria (5,0%, ou mais R$ 85). As demais categorias mostraram estabilidade.