A atividade industrial brasileira apresentou aumento no mês de maio em 12 dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional, na comparação com abril. O resultado, divulgado hoje (8) pelo IBGE, é “reflexo da volta da produção de algumas unidades após a suspensão das atividades por conta da pandemia da Covid-19 em março e, principalmente, em abril", como explica Bernardo Almeida, analista da pesquisa.
Maior parque industrial do país, São Paulo levantou a média nacional (7%) ao apresentar aumento na atividade industrial em 10,6% em maio. Paraná (24,1%) e Rio Grande do Sul (13,3%) foram os outros dois locais com maiores influências na taxa positiva nacional. “O setor de veículos, muito forte em São Paulo e no Paraná, teve atuação importante neste aumento de maio”, exemplifica Bernardo, que também cita o setor de alimentos e o de derivados do petróleo como influenciadores desse índice.
Além do Paraná, Pernambuco (20,5%) e Amazonas (17,3%) foram os locais que apresentaram os aumentos mais fortes. Os dois primeiros voltaram a crescer após resultados negativos em março e abril, período em que acumularam recuos de 31,8% e 25,4%, respectivamente. Já o Amazonas interrompe três meses de taxas negativas consecutivas, com queda acumulada de 53,4%.
Além destes locais, a Região Nordeste (12,7%) e a Bahia (7,6%) tiveram resultados maiores que média nacional. Minas Gerais (6,3%), Santa Catarina (5,4%), Rio de Janeiro (5,2%), Mato Grosso (4,4%) e Goiás (3%) completam a lista de locais com aumento da atividade industrial no mês de maio. Apenas três locais apresentaram recuo, sendo o Espírito Santo (-7,8%) com a queda mais elevada, resultando no terceiro mês seguido de recuo para o estado, com perda acumulada de 30,9% neste período. Os outros dois foram Ceará e Pará, ambos com queda de 0,8%.
Indicadores Conjunturais da Indústria
Resultados Regionais
Maio de 2020
Locais
Variação (%)
Maio 2020/
Abril 2020*
Maio 2020/
Maio 2019
Acumulado
Janeiro-Maio
Acumulado
nos Últimos
12 Meses
Amazonas
17,3
-47,3
-20,7
-3,8
Pará
-0,8
-13,0
0,9
1,3
Região Nordeste
12,7
-23,2
-8,8
-5,9
Ceará
-0,8
-50,8
-21,8
-7,9
Pernambuco
20,5
-13,5
-4,7
-4,5
Bahia
7,6
-20,7
-5,9
-5,1
Minas Gerais
6,3
-15,1
-12,1
-9,1
Espírito Santo
-7,8
-31,7
-18,5
-18,0
Rio de Janeiro
5,2
-9,1
2,8
3,9
São Paulo
10,6
-23,4
-13,6
-5,6
Paraná
24,1
-18,1
-8,9
-2,0
Santa Catarina
5,4
-28,6
-15,4
-6,6
Rio Grande do Sul
13,3
-27,3
-16,6
-7,7
Mato Grosso
4,4
-3,4
-3,8
-4,2
Goiás
3,0
1,5
-0,3
1,5
Brasil
7,0
-21,9
-11,2
-5,4
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
* Série com Ajuste Sazonal
Aumento ainda não recupera o patamar
Apesar do crescimento na passagem de abril para maio, Bernardo esclarece que o índice ainda está aquém do patamar, como se observa na comparação com o mesmo mês do ano anterior. “Em São Paulo, mesmo com a taxa positiva perante abril, maio apresentou o segundo pior patamar da indústria na série histórica, perdendo exatamente para o mês anterior, abril de 2020", aponta. O início da série histórica da pesquisa foi em janeiro de 2002.
Na comparação com maio de 2019, houve queda em 14 dos 15 locais pesquisados. Além do chamado efeito-calendário negativo - maio de 2020 teve 20 dias úteis, dois a menos que maio do ano anterior – a diminuição do ritmo da produção por conta dos efeitos do isolamento social em função da pandemia afetou o processo produtivo de várias unidades industriais no país. São Paulo teve redução de 18,1%, a quarta taxa negativa seguida nesta comparação. Ceará (-50,8%) e Amazonas (-47,3%) apresentaram os recuos mais intensos.
No acumulado de 2020 (janeiro-maio), cujo resultado nacional foi queda de 11,2%, 13 dos 15 locais catalogados apresentaram redução das atividades, com destaque para o Ceará (-21,8%), Amazonas (-20,7%) e Espírito (-18,5%). Apenas o Rio de Janeiro (2,8%) e o Pará (0,9%) mostraram aumentos neste índice.
Já no acumulado dos últimos 12 meses (perda nacional de 5,4%), 12 dos 15 locais pesquisados assinalaram taxas negativas em maio de 2020. Todos, entretanto, tiveram perda de ritmo frente aos índices registrados em abril. Ceará (de -3,1% para -7,9%), Amazonas (de 0,5% para -3,8%), Santa Catarina (de-2,6% para -6,6%), Rio Grande do Sul (de -3,7% para -7,7%), Paraná (de 1,7% para -2,0%), São Paulo (de -2,5% para -5,6%), Bahia (de -2,5% para -5,1%), Região Nordeste (de -3,5% para -5,9%), Pernambuco (de -2,5% para -4,5%) e Rio de Janeiro (de 5,1% para 3,9%) mostraram as principais perdas neste comparativo.