´Fila única´ para UTIs poderia evitar 14,7 mil óbitos, diz estudo
Data: 05/05/2020
´Fila única´ para UTIs poderia evitar 14,7 mil óbitos, diz estudo
Estadão Conteúdo
Um estudo preliminar estima que a chamada "fila única" para UTIs públicas e privadas evitaria até 14,7 mil mortes pelo novo coronavírus em todo o País. Em São Paulo, onde há a maior quantidade de leitos, o uso de UTIs particulares para atender pacientes do SUS poderia prevenir algo entre 200 e mil mortes. Isso se o nível atual de confinamento, em cerca de 50% da população, permanecer igual.
Publicado no fim de semana por pesquisadores da FGV, USP, Universidade Federal da Paraíba e Instituto do Câncer e ainda sem revisão de cientistas independentes, o estudo calculou a probabilidade de infectados precisarem de UTIs em cada região, considerando o ritmo de mortes e infecções. A intenção era estimar em quais locais a rede pública seria suficiente para casos mais graves.
A conclusão é de que Nordeste, Norte e Sudeste terão mais dificuldade para atender à demanda, e precisarão dos leitos privados. No Amazonas, por exemplo, mesmo a quantidade de UTIs em hospitais privados será insuficiente - seriam necessários novos leitos, mas essa necessidade esbarra na escassez de respiradores no mercado e de médicos e enfermeiros especializados em tratamento intensivo.
"Basicamente, nos Estados onde o número de leitos (de UTI) totais é suficiente, isso só é verdade se houver fila única", diz José Gallucci-Neto, que trabalha no Hospital das Clínicas e participou do estudo.
"Se não fizer fila única, a mortalidade vai aumentar." Para ele, os resultados corroboram uma percepção de profissionais da área, que notaram diminuição da demanda em hospitais particulares.
"Se o sistema público lotou, não pode deixar o sujeito morrer sem leito se a UTI do Hospital Einstein, por exemplo, tiver 60% livres", opina o economista Samy Dana, da FGV, que trabalhou nos modelos matemáticos da publicação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.