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  Moradores perdem benefício do aluguel social e têm que voltar para áreas de risco

Data: 17/12/2013

 

Moradores da Estrada Ministro Salgado Filho, no Vale do Cuiabá, que perderam o benefício do aluguel social no último mês, tiveram que voltar para a casa que foi atingida pela enchente de 2011 e estão receosos com a proximidade do verão. A estrada fica próxima a uma área de encontro dos rios Cuiabá e Cantagalo e eles alegam que, sempre que chove, bate o medo e o desespero porque lembram dos momentos que viveram há dois anos, quando a água chegou até o teto das casas. De acordo com a Associação de Moradores do Cuiabá, cerca de 800 pessoas moram no local atualmente. No total, 1.836 pessoas recebem o aluguel social no município. 

Michele Barbosa do Amaral, de 31 anos, mora na localidade desde que nasceu. Ela contou que, após as chuvas de 2011, foi cadastrada no programa do aluguel social, benefício que recebeu até o mês de novembro, quando foi informada, na sede da Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania, em Itaipava, de que sua casa está em uma área considerada de baixo risco pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e, portanto, ela  seria cortada do cadastro de beneficiados. “Estava morando em Madame Machado, mas sem o dinheiro do aluguel social não pude ficar. Voltei a morar com os meus pais, mas quando chove ficamos com medo da cena se repetir”, disse ela, relembrando que, em 2011, seu filho, que hoje tem 3 anos, tinha apenas dois meses e ela e a família precisaram ficar no forro da casa até a água baixar. “Ficamos ilhados, sem poder correr daquela situação. Era água por todos os lados”, disse. Na ocasião, Michele perdeu todos os pertences e teme que a situação volte a se repetir. 

A irmã dela, Ana Carolina Barbosa Amaral, de 30 anos, tem 4 filhos de 12, 10, 8 e 3 anos e contou que o benefício do aluguel social foi cortado. Ela morava de caseira na localidade conhecida como Borges, que fica no fim da Estrada Ministro Salgado Filho, e também ficou ilhada em 2011. Desde então, ela está morando em Fagundes, em Pedro do Rio, com o marido e as crianças. “O aluguel social é no valor de R$ 500 e eu pago R$ 600 para o proprietário da casa. Como vou fazer nos próximos meses? Meu marido trabalha como jardineiro e recebe um salário mínimo por mês”, relatou. 

O presidente da Associação de Moradores do Cuiabá, José dos Santos Quintella, afirmou que, apesar da área ser vista como de baixo risco, os moradores ficam temerosos sempre que chove, por ter sido um local muito atingido em 2011. Por outro lado, ele afirmou que o aluguel social de alguns moradores foi cortado porque eles continuavam morando nas casas. “Não sei se esse é o caso da Michele, mas sabemos que essa é uma situação que está acontecendo. Vale ressaltar, também, que o benefício do aluguel social não é vitalício. Mas toda aquela população que sofreu com a enchente se sente em situação de risco”, destacou. Quintella contou que toda quarta-feira acontece uma reunião entre os moradores, às 18h30, no Colégio Integral Padre Quinha, para discutir temas relacionados às consequências geradas pelas chuvas de 2011. 




 

 

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