Quem mora longe do trabalho sabe o quanto é difícil se locomover dentro de Petrópolis. Seja de carro, moto ou ônibus, em qualquer um dos cinco distritos é quase impossível sair de casa em horários de pico. Não é de hoje que a Tribuna vem denunciando esse tipo de problema, que afeta cada vez mais o petropolitano.
Tratando-se de congestionamento, entre os pontos mais críticos estão as principais ruas do Centro, Retiro e a região de Itaipava. Nesse caos de mobilidade, tem gente que leva mais de duas horas para percorrer um trajeto de 40 quilômetros, do trabalho para casa, como é o caso da estudante e vendedora Patrícia Diniz, de 19 anos, que mora em Pedro do Rio e trabalha na rua Dezesseis de Março, no Centro. A jovem trabalha apenas seis horas por dia, mas sai de casa às 10h30 e só chega por volta de 21h.
“Eu saio uma hora e meia antes e venho no ônibus direto, que é bem mais caro. Porque se vier no outro eu demoro mais ainda. Depois que a loja fecha, eu saio depois das 18h, eu pego o primeiro ônibus que puder, mas até ele passar por toda a Ipiranga leva mais de 40 minutos. Resumindo, eu chego em casa muitas vezes depois das 21h”, contou.
Para o entregador Roberto Luiz da Silva, de 25 anos, que percorre toda a região do primeiro distrito, é a rua Dr. Hermogênio Silva. “Eu ando toda a cidade, mas aquela entrada do Carangola é terrível. O trânsito não anda de jeito nenhum. Na terça-feira eu tive que desligar o carro, porque fiquei mais de dez minutos sem andar um metro sequer. Eu acho que vai chegar num ponto que nunca mais vamos conseguir sair de carro nesse lugar. Estou indignado, revoltado com isso”, desabafou.
Na região de Itaipava trânsito parado se tornou rotina. Para percorrer um simples trajeto de pouco mais de dois quilômetros, entre o Hortomercado Municipal e o Terminal de Integração, dependendo do horário se leva mais de uma meia hora. Paulo Foz Rezende, de 32 anos, motorista de ônibus, sofre com as lentidões.
“Enfrentar isso todos os dias é tenso, mas pra quem gosta de dirigir esse é um dos problemas enfrentados pela profissão”, revelou. No bairro de Corrêas, distrito de Cascatinha, a situação não é diferente. Quem passa pela Estrada União Indústria enfrenta mais de um quilômetro de engarrafamento nos dois sentidos, nas proximidades da ponte.
Frota aumentou mais de 80% em dez anos
Segundo dados do IBGE, a frota da cidade no início deste ano era de 138 mil veículos, o que equivale a quase um carro para cada duas pessoas. São 96 mil carros, duas mil caminhonetes, dois mil caminhões 600 ônibus e mais de nove mil motos e motonetas.
De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran/RJ), desde 2005 são 62 mil automóveis e motocicleta a mais nas ruas, o que totaliza um aumento de aproximadamente 80% em dez anos. Como a tendência é cada vez mais veículos nas ruas, a expectativa não é das melhores.
A CPTrans esclarece que segue buscando medidas que aumentem a fluidez do trânsito em todo o município. Há açõe e projetos de curto, médio longo prazo. Entre as ações já implementadas estão mudanças no Retiro e em Bonsucesso (para impedir cruzamento de pistas, o que provoca retenção). A CPTrans também intensificou o patrulhamento na cidade – com orientação e reforço na fiscalização.