O Polo Tecnológico da Região Serrana emprega, atualmente, mais de 1 mil pessoas e movimenta cerca de R$ 700 milhões por ano só em Petrópolis. Ao todo são mais de 60 empresas de pequeno, médio e grande porte que atuam em áreas de biotecnologia, desenvolvimento de software e telecomunicações instaladas na cidade. Apenas no Polo, localizado no Quitandinha, 12 empresas estão situadas. O espaço, de cerca de 3 mil metros quadrados, conta com mais de 500 colaboradores e possui uma remuneração acima do salário médio que é oferecido na cidade.
Segundo Jonny Klemperer, coordenador do Polo Tecnológico, o movimento para a instalação do parque teve início em 1998 quando a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) realizou um mapeamento junto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para identificar as potencialidades de diversas regiões do estado do Rio. O levantamento tinha como objetivo formatar projetos alinhavados de acordo com o resultado do mapeamento. Neste momento, Jonny explicou que Petrópolis se destacou em duas áreas: Turismo e Criação de um Polo de Alta Tecnologia.
Em seguida, foi criado o Movimento Petrópolis-Tecnópolis que, desde o início deste ano, passou a se chamar Parque Tecnológico da Região Serrana, para abranger cidades como Nova Friburgo e Teresópolis. O objetivo desde o início, segundo Jonny, é o de formar um expertise que cria condições essenciais para atrair empresas de alta tecnologia (que não poluem). “O movimento foi viabilizado no início da década de 2000 devido à existência e apoio do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), naquela época dirigido pelo ex-ministro Marco Antonio Raupp. Até hoje o Laboratório é a âncora institucional do Polo Tecnológico.
A primeira organização a se instalar na cidade por meio do Polo Tecnológico foi a Microsoft Innovation Center, que pertence ao Grupo Allen. Mas, Jonny explicou que a empresa cresceu e acabou precisando de um local maior. Hoje, ela atua no Valparaíso e emprega mais de 400 pessoas. “Nós atuamos como facilitadores para o crescimento das empresas. Já na cidade ajudamos a oxigenar a economia, uma vez que, as pessoas empregadas no Polo gastam com transporte, alimentação e lazer”, comentou Jonny.
Depois foram chegando organizações como a Test to Market (T2M) com cerca de 20 colaboradores (em crescimento) que atuam na área de testes de software. Em seguida foi a vez da Excellion se instalar no local. Especializadas na área de biomedicina e manipulação de células-tronco, ela emprega 35 pessoas. Já a instalação da Orange, para o coordenador foi um grande salto para o Polo em termos de visibilidade. A empresa conta com 300 colaboradores e atua como 5º Centro Mundial do Grupo France-Telecom, de suporte técnico na área de telecomunicações para empresas sediadas nas 3 Américas e parte da Europa e África.
Ele lembrou ainda que a Ge Celma, também é membro do Parque Tecnológico, mas chegou antes na cidade. A empresa emprega 1.400 colaboradores e movimenta R$ 1 bilhão por ano.
Um dos grandes diferenciais do Polo, segundo Jonny, é que ele é aberto. “Não temos um único lugar físico definido, compreendendo também os Tecnópolos de outras cidades da Região Serrana. Além disso, em Petrópolis, também contamos com o Núcleo Empresarial do Valparaíso (NEV), representado pela Allen, o Núcleo Acadêmico do Quitandinha representado pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e o Núcleo AUTÔMATUSo Acadêmico do Valparaíso (NAV), onde está localizada a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Já em Teresópolis, existe o Núcleo Empresarial representado pela Alterdata (empresa que nasceu em Petrópolis) com mais de mil colaboradores. “Estamos caminhando para ampliar estes núcleos (tanto empresariais, como acadêmicos) em Teresópolis e Nova Friburgo o que deve acontecer em 2015. Temos um desafio pela frente de consolidar o ideal que idealizamos desde o início. Se conseguirmos atrair para cá braços da IBM e de outras empresas grandes aí sim estaremos realizados. Mas, elas só virão se houver mão de obra suficiente para atendê-las. Esse é o nosso dever de casa”, disse.
Por meio do Polo Tecnológico, as empresas conseguem benefícios como redução ou isenção de IPTU e ISS, baseado em uma lei municipal de incentivos fiscais.
O núcleo conta ainda com a Info 4, que trabalha na área de clipping eletrônico e tem cerca de 100 colaboradores. A Sankhya, que atua na área de software para gestão de negócios e tem 10 colaboradores e a WebApplication, que trabalha com software embarcado e conta com 5 colaboradores.
Empresas de tecnologia encontram dificuldades para se instalar na cidade
Problemas com relação a mão de obra qualificada, internet de má qualidade e energia elétrica faz com que muitas empresas não queiram se instalar em Petrópolis. “Precisamos de mais respaldos de infraestrutura. Nossa internet não atende a empresas de alta tecnologia e isso é mortal”, comentou. No Polo, as empresas estão contando com suporte da Embratel e com internet por meio de fibra ótica. “Resolvemos o nosso problema, mas e os outros”, questionou.
Para sanar as constantes quedas de energia, ele contou que as empresas grandes tiveram que adquirir geradores e, o Polo, comprou um para atender as menores. “Já melhorou muito, mas ainda não atende por completo”.
Ele lembrou que, em uma ocasião, a empresa paulista, Autômatus, que empregava 80 pessoas. resolveu se instalar em Araras e ficou encantada com o local. Porém, não durou muito. “Tiveram que sair porque não conseguiram resolver a questão da internet e da energia elétrica”.
Outro ponto ressaltado pelo coordenador é o acesso para quem vem do Rio de Janeiro. A esperança para ele, é que a nova pista de subida da serra resolva esse problema.
Além disso, ele cita a falta de terrenos ou prédios que pertençam ao governo municipal para serem colocados a disposição das empresas que querem se instalar na cidade.
Já a vinda de um campus da Universidade Federal Fluminense é considerada uma conquista para quem trabalha na área de tecnologia. “Vamos formar a mão de obra qualificada que precisamos e esta é uma forma de atrair mais empresas e também de atender as que já estão na cidade. Precisamos parar de exportar gratuitamente os bons profissionais que possuímos e a única maneira é atraindo empresas que absorva toda a mão de obra”, disse Jonny, destacando que uma das maiores dificuldades hoje vivenciada pelos empresários é com relação a recursos humanos.
Outra conquista, segundo Jonny, foi a criação da Secretaria de Ciência e Tecnologia. “O prefeito Rubens Bomtempo, desde o início do seu 1º mandato em 2001, sempre apoiou o movimento e o atual secretário Airton Coelho, também é um dos fundadores.
Mão de obra qualificada é um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas
Tiago Ferreira é gerente de operações da Provider It e listou algumas dificuldades encontradas na cidade. A empresa, que atua no Polo Tecnológico há dois anos, com desenvolvimento de software gerencial nas áreas de saúde e bancária, emprega 30 colaboradores. A faixa etária varia de 20 a 52 anos. Já o salário é entre R$ 2 e R$ 3 mil.
Ele disse que a empresa passou por três lugares antes de se estabelecer no Quitandinha. “Começamos no Roseiral, depois fomos para o Centro e, por último para o Alto da Serra. Em cada um desses locais, encontramos problemas diferentes e, por isso, optamos pelo Polo Tecnológico, onde temos uma infraestrutura melhor, espaço para estacionamento e segurança”, disse.
A conexão ele disse que também era complicada, porque só haviam poucas opções, uma delas é a Velox que, segundo ele, não é uma opção empresarial. “Agora temos outras alternativas, mas ainda não existe uma de qualidade. A que usamos hoje atende, mas ainda temos problema de instabilidade”.
Mas, para o gerente de operações, a mão de obra qualificada é a maior dificuldade vivida pela empresa. “Hoje não existe nenhuma Universidade ou centro de pesquisa que capacitem os profissionais de acordo com o que é necessário no mercado. Com isso, acaba que nós precisamos formar e treinar as pessoas dentro das nossas necessidades”, comentou.
Aline Rickly
Redação Tribuna