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  Aconteceu em 1995... Ou será hoje?

Data: 29/07/2009

Aconteceu em 1995... Ou será hoje?

 

 

            Petrópolis daqui a 11 anos atingirá a marca de 400.000 habitantes. O número de transportes coletivos atualmente está por volta de 180 veículos; no ano 2005, passará para mais de 260 veículos, transformando-se em uma situação totalmente inoperante e com um aumento considerável nos tempos de viagens e a conseqüente saturação de nossas principais vias e suas coletoras.

            Um plano de transportes tornar-se-ia uma ferramenta básica para nossa política de descentralização, criando-se linhas de ligação efetivas entre bairros, sem que se precise passar pelo Centro, uma política de fortalecimento do comércio nos centros de bairros e a criação de um transporte de massa alternativo, através de linhas troncais – são eles os veículos leves sobre trilhos (V.L.T).

            Todo esse controle e o planejamento dos vetores de crescimento deveriam ser organizados e gerenciados pelo Plano Diretor, através da Lei de Ocupação e Uso do Solo, cuja discussão através dos agentes envolvidos no processo, se faça rapidamente, com um resultado de bom senso, mesmo sabendo da complexidade do tema, parta que possamos viabilizar nossa cidade com vistas ao novo século.

            Voltando o tema de revitalização ou reabilitação dos núcleos históricos, devo citar que até cidades tombadas mundialmente pela UNESCO começam processos de revitalização dos seus núcleos, como exemplo recente, a já citada Ouro Preto. Petrópolis não deve ficar atrás desses processos, carecendo portando de diretrizes básicas e vontade de realização de seus administradores.

 

 

Darei como sugestão algumas diretrizes básicas para revitalização, extraídas do projeto de minha autoria:

 

 

a) Resgate da memória da antiga Vila Imperial, preconizada nos traços do Major Júlio Frederico Koeler, destacando sua via principal, a Rua do Imperador.

            b) Preservação e revitalização do conjunto arquitetônico do casario localizado à Rua do Imperador.

            c) Reintegração de espaços urbanos ociosos e especulativos, ao convívio da sociedade.

            d) Revitalização e renovação de logradouros públicos, em destaque o que denomina Praça da Inconfidência e seu conjunto arquitetônico.

            e) Facilidade de acesso os pedestres, efetivando, portando, o alargamento das calçadas e retomando a escala humana, na Rua do Imperador.

            f) Reorganização das linhas referentes aos transportes coletivos e novas localizações de suas estações de transbordo, bem como nova localização da atual rodoviária, nas proximidades das rodovias federais.

            h) Criação de transporte de massa alternativo e de integração, que teria, entre outros desdobramentos, uma ligação ao Alto da Serra devido a uma possível reativação da estrada de ferro para turismo ecológico.

            i) Adequação do volume de tráfego às novas capacidades das vias.

            j) Adequação do imobiliário urbano e nova programação visual.

            l) Ampliação do pólo turístico, garantindo ais divisas aos setores da Sociedade.

 

São instrumentos:

a) Criação do Conselho Municipal – formado por técnicos, representantes de órgãos de preservação estadual e federal, representantes da Sociedade e entidades, todos os envolvidos no processo.

b) Criação de um código de posturas especial para o núcleo histórico.

c) Criação de um Fundo Municipal, objetivando a preservação dos prédios através do instrumento do solo criado (versão francesa).

d) Incentivos fiscais visando conservação e/ou reciclagem do bem tombado pelo seu proprietário.

 

O turismo profissional é o resultado principal, que sendo bem gerenciado aumentará sensivelmente as dívidas e economia do Município. Cito como exemplo Salvador, que com a restauração do Pelourinho aumentou em 100% o número de turistas.

            Hoje a situação de Petrópolis é ridícula quanto ao número do turismo, detendo menos de 1% contra 4.0% de Angra dos Reis, 8% de Cabo Frio e 86% do Rio de Janeiro.

            Petrópolis deve voltar a ser referência ao urbanismo nacional e até mundial. É só lembrarmos do Major Júlio Frederico Koeler como Pioneiro do Planejamento Urbano, este que depois do também Major Charles L’Efant que planejou Washington D.C., saíram da mesmice do traçado em grelha que remonta desde o século V AC, com o plano de Hipódamo para a cidade de Mileto. O Plano Koeler conseguiu outro fato notável: ser a 2ª administração a ter legislação urbanística. Isto em relação ao berço do urbanismo moderno que é a Europa. A Grécia foi a 1ª, em 1835; a Inglaterra a 3ª, em 1848 e a França, 4ª em 1850 e etc...

            Uma melhor qualidade de vida é o que queremos. Nós, técnicos, apontamos, através de projetos e diretrizes, o caminho. Porém, cabe à Sociedade compreender, e participar do processo. Foi assim que Curitiba se tornou referência mundial.

 

 

Agnaldo Goivinho da Silva

Arquiteto e urbanista

 

 

Fonte: Jornal do Valparaiso, julho de 2009.




 

 

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