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  Sem estradas para transportar a produção

Data: 01/09/2019

 

Sem estradas para transportar a produção

LUANA MOTTA - Redação Tribunan de Petrópolis

 

São pouco mais de 80 km de estradas vicinais que dão acesso à maior parte da área de produção de orgânicos do estado. São pelo menos 60 produtores, além da produção tradicional, somando quase 200 agricultores no total. Com as principais estradas do Brejal, na Posse, sem obras há quase três anos, o escoamento da produção e o acesso aos sítios está comprometido. Embora o município ostente o título de Capital Estadual dos Produtos Orgânicos, quem deu jus ao mérito reclama do descaso e da ausência do poder público.

Logo no início, a Estrada do Brejal, embora pavimentada, tem vários trechos com buracos e desnivelamento do asfalto. Em 63,5 km de estradas de terra, pelo menos 12,5 km estão em situação crítica. O levantamento foi feito pelo Comitê das Estradas do Brejal, um grupo organizado entre famílias e produtores locais, que vem trabalhando no desenvolvimento da região, há cerca de oito anos. Alexandre Viana, morador do Brejal há 19 anos, e membro do Comitê, disse à Tribuna que o grupo vem cobrando da Prefeitura a manutenção das estradas desde 2017. De lá para cá, foram feitas várias reuniões com as secretarias, mas a manutenção regular nunca foi retomada.

Os prejuízos se acumulam, essas estradas são o principal acesso das famílias às suas casas e trabalho. Além de caminhões e carros dos agricultores, há os ônibus escolares que fazem o transporte dos alunos da região até as três escolas municipais da localidade. E é o trajeto utilizado pelos visitantes que fazem o Circuito Eco Rural Caminhos do Brejal. Além do pavimento, a falta de capina nas margens das estradas dificulta a passagem de veículos e a visibilidade durante a noite, deixando alguns trechos em risco para os moradores.

“A manutenção emergencial era feita nos trechos que tinham maior prioridade. Mas, no momento, quase tudo é prioridade”, lamenta o presidente do Comitê, José Luiz D’Avila.

Ele explica que a manutenção regular deveria ser feita pela Regional da Posse, mas os equipamentos estão todos quebrados. Apenas a Patrol está funcionando, mas foi consertada pelos moradores da Estrada do Taquaril, localidade próxima e que também sofre com a falta de manutenção. Incontáveis vezes os produtores fizeram vaquinhas para arcar com as despesas, desde a compra de combustível, até o pagamento do operador das máquinas. No pátio da Regional, que fica no Centro da Posse, uma escavadeira está parada, sem rodas, à espera do conserto.

O trecho mais crítico é a Estrada dos Caboclos. Com a estiagem o terreno ficou arenoso e erodido, as valas que se formaram na via, em alguns casos, só permitem o acesso com veículos próprios para o terreno. Mas estes, são os mesmos trechos utilizados pelos ônibus escolares e os microônibus da linha 728 – Jurity e 729 - Albertos da empresa Turb, que atende a localidade.

O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro), fez um relatório com mais de 300 páginas onde aponta os principais problemas viários encontrados pelo município, que prejudicam o serviço prestado pelas empresas de ônibus. Segundo o sindicato, a região do Brejal é uma das mais afetadas, com uma extensão de sete quilômetros de estrada de chão, atendidas por duas linhas.

“Com o excesso de buracos e curvas fortes, a operação dos coletivos fica comprometida, tendo viagens mais lentas e com trepidações. Também com excesso de vegetação pela pista, muitas vezes há queda de galhos e até árvores no trecho, que impedem a passagem dos veículos. Em dias de chuva, os coletivos ficam por algumas vezes impossibilitados de cumprir seus respectivos itinerários, por conta da lama”, informou o Setranspetro.

A produtora Francelina de Mello tem um filho de 12 anos que utiliza o transporte escolar todos os dias. A preocupação com a falta de manutenção é justamente com a segurança das crianças no ônibus. Além disso, quando chove, muitas vezes os estudantes têm que andar trechos a pé, porque o ônibus fica impossibilitado de passar por causa da lama. E não só isso, a moradora explica que o acesso das concessionárias também fica difícil. “Já chegamos a ficar dias sem energia elétrica porque a concessionária não vem por causa do acesso”, lamenta.

Em alguns trechos, os moradores fizeram mutirão e taparam buracos com pó de pedra e cascalhos na tentativa de amenizar o impacto. “Há pouco tempo, uma senhora passou mal aqui, e o socorro levou duas horas para chegar. Se não formos lá na estrada principal encontrar com a ambulância, eles não conseguem nem encontrar o endereço”, lamenta a produtora Ângela Maria Botelho.

 



Fotos:
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Estradas precárias no Brejal: manutenção vem sendo cobrada há anos


 

 

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