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  Deslizamento de pedras mata operário de obra da Subida da Serra

Data: 20/02/2015

 

 

Deslizamento de pedras mata operário de obra da Subida da Serra

Diário de Petrópolis, 20/02/2015

 

Bernardo Rocha e Rômulo Barroso

É o primeiro acidente com vítima fatal no local. Funcionários garantem que existem riscos de novas quedas

Um grave acidente de trabalho, na manhã de ontem, ocasionou a morte do ajudante de obra Alexsandro Ferreira, de 32 anos. O caso ocorreu na construção da Nova Subida da Serra (NSS) de Petrópolis, na altura do km 85. O homem foi esmagado por um bloco de pedra que se desprendeu do teto do túnel. A vítima foi encaminhada pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Santa Teresa (HST), mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Funcionários da construção garantem que não é o primeiro acidente devido a queda de pedras, mas o primeiro com consequência fatal.

Segundo informações dos trabalhadores da obra, o acidente ocorreu no fim do turno da madrugada, por volta das 6h. O homem foi atingido pela pedra, quando trabalhava na escavação do local, que terá aproximadamente cinco quilômetros de extensão.
Um dos motoristas de caminhão, que conhecia “Alex”, como era chamado, informou que o tamanho da pedra, poderia amassar até mesmo a cabine de um caminhão.

- Ele estava com todos os equipamentos de proteção. Foi uma fatalidade. Não é a primeira vez que ocorre uma queda de pedras. Essa provocou a morte de um amigo. É muito triste, pois poderia ser com qualquer um – disse o homem que por medo de ser mandado embora, não quis se identificar.
Após o acidente, representantes do sindicato da categoria estiveram no local e proibiram ao acesso ao túnel. Isso ocasionou a paralisação da obra por tempo indeterminado. A princípio, os funcionários que trabalhariam até o início da tarde, não iriam dar sequência às atividades.

Segundo o Hospital Santa Teresa, a vítima morreu 40 minutos após dar entrada na unidade.
Os médicos tentaram reanimar Alexsandro, mas os ferimentos eram gravíssimos.

Homem estava na cidade há pouco tempo

Ainda de acordo com conhecidos do rapaz, o homem estava na cidade há pouco tempo. Natural da Bahia, antes de trabalhar no local, estava residindo no municio de Sapucaia e havia alugado um imóvel em Petrópolis. Morando na cidade, o homem trouxe a mulher e a filha de apenas um mês a menos de uma semana para residirem juntos.

Funcionários falam sobre perigos no local

Outro fato a se considerar é de que o caso ocorreu na semana em que o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Siticommm) iria realizar uma fiscalização no local, pois já havia denúncias de possíveis irregularidades na obra. Segundo os profissionais que atuam na construção, são aproximadamente 700 a serviço da construção da nova pista.

Todos ainda muito assustados com a morte do operário garantiam que os riscos de pedras caírem ocorre a todo o momento. Um deles que também não quis se identificar e trabalha a pouco mais de uma semana no local, garantiu que outros acidentes ocorreram.

- Quando entrei com o caminhão no túnel pela primeira vez, uma pedra caiu na frente do veículo. Apesar de não atingir ninguém, já percebi que estaria exposto a estes riscos – disse.
Ainda de acordo com amigos do motorista de caminhão, que trabalha para uma empresa terceirizada, não é a primeira vez que a queda de uma pedra atinge alguém. Há algumas semanas um operário quebrou a clavícula e em outra ocasião, uma máquina foi soterrada.

Sindicatos reclamam de falta de segurança

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, José Maria Rabelo, disse que ficou sabendo da morte do operário pela imprensa, pois voltava ontem (19) de uma viagem. De acordo com ele, o Sindicato fez uma denúncia ao Ministério Público de falta de segurança para os trabalhadores da Nova Subida da Serra e vai tentar, após a ocorrência com o funcionário, que o MP faça uma vistoria no local ainda hoje ou, no máximo, na segunda-feira. Rabelo, no entanto, prometeu que estará na obra nesta sexta (20) para fiscalizar as condições do túnel.

Já o Siticommm, sindicato que representa os operários, esteve no local ontem mesmo, após o acidente. No entanto, segundo o diretor e funcionário do consórcio responsável pela obra, José Ailson, não foi possível obter informações além das pessoais de Alexsandro.

– Estive lá hoje (ontem) tentando levantar informações, mas o pessoal do consórcio se negou, ninguém deu informação. Os funcionários foram orientados a não falar nada – contou Ailson. Segundo ele, o sindicato vai tomar as medidas cabíveis, mas não disse quais seriam elas. Ao site “G1”, o presidente do Siticommm, Josimar Campos de Souza, informou que vai pedir o embargo da obra ao MP por falta de segurança.

– Sempre faltou segurança para os trabalhadores nessa obra e nós já havíamos alertado, inclusive, através de greve realizada em março de 2014. Agora perdemos uma vida e queremos que providências sejam tomadas – declarou Josimar ao “G1”.




 

 

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