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  Rescaldo

Data: 01/11/2014

 

Rescaldo

Tribuna de Petrópolis, Sábado, 01 Novembro 2014 12:58
 

Passados alguns dias do fim das eleições, muito se falou acerca das razões da reeleição da Presidente Dilma e da derrota de Aécio. Analistas e cientistas políticos foram pródigos em explicações e justificativas. Mas não ouvi, nem li em nenhum lugar, a verdade nua crua acerca da eleição que foi vencida pela ignorância, pelo conformismo e pela  fome.

Posso estar chocando os menos avisados, mas explico. Hoje temos no Brasil 13 milhões de analfabetos,  50 milhões de analfabetos funcionais  e 54 milhões de brasileiros recebendo o bolsa família. Claro, é óbvio, que estes grupos se tangenciam e se permeiam, ou seja, um número esmagador de analfabetos recebe o bolsa  família.  Um quantitativo de respeito e qualquer um há de convir que este imenso grupo de eleitores se localiza geograficamente nas regiões onde o PT deu um banho de votos.

Tivemos uma abstenção de 21,09%, ou seja, cerca de 27,6 milhões de eleitores deixaram de votar, por conformismo (estes que estão aí não me representam, mas também não vou fazer nada para mudar).

Aos conformistas, que se justificam com a ausência de propostas, a agressividade, os factoides, a corrupção, a falta de ideologia e programas e por derradeiro o descrédito na política e nos políticos, vai lhes sobrar um País dividido, entre "nós e eles", estagnação, inflação, "petroroubalheiras" e aparelhamento do estado. Uma continuidade perigosa, mas pelo jeito, para estes, tudo está bem.Foi uma campanha de mentiras, desconstruções, chantagens e uso da máquina pública não vistas há mais de 25 anos, na qual a vencedora fez algo em torno de um terço dos votos válidos: 54 milhões.

Não vou analisar os votos, posto que, já sobejamente comentados e discutidos.  Preocupa-me sim analisar os desdobramentos do que virá a seguir.

Afirmo sem medo de errar que os movimentos sociais vão buscar cada vez mais espaço: teremos o MST (Movimentos dos Sem Terra) reforçando sua briga com novas ocupações, o Movimento dos Sem Teto, por sua vez, também estará mais aguerrido em suas invasões.

 Teremos um aumento considerável na taxa de energia elétrica quase que imediatamente (algo entre 17 e 25%) já que esta tarifa está contingenciada há bastante tempo. Vai haver também, em curto prazo, ainda este ano, um aumentos dos combustíveis, subidas estas com reflexos na taxa de inflação.

Os escândalos da "petroroubalheira" vão continuar, teremos novos capítulos em uma novela longa e que a partir de um determinado momento se torna chata e desagradável e aí reside o perigo da banalização e do desinteresse da população pelo assunto.

Outra grande preocupação será a cruzada que o governo fará contra a liberdade de imprensa.

Quanto ao diálogo, mão estendida, quem sabe de política sabe que isto é jogo de cena: as reformas necessárias estarão cada vez mais longe de acontecerem e somente as paliativas acontecerão. 

Sou um otimista por natureza, e apesar de me confessar preocupado com o encaminhamento do amanhã, resta-me o consolo de saber que a grandeza do Brasil é maior e melhor do que a qualidade de seus políticos.

 

Bernardo Filho

 

 




 

 

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