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  Revitalização da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará continua sem previsão

Data: 22/06/2014

 

Revitalização da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará continua sem previsão

Tribuna de Petrópolis, Domingo, 22 Junho 2014 08:00

 

 

A revitalização da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, que vem sendo discutida nos últimos 5 anos, ainda está longe de acontecer. O projeto que prevê o resgate da primeira ferrovia instalada no país, tem como objetivo auxiliar a questão de mobilidade na cidade, representando uma alternativa para quem precisa ir e voltar do Rio diariamente e também visa o resgate cultural do trecho que liga a Serra da Estrela, em Petrópolis a Vila Inhomirim, em Magé. O orçamento para viabilizar o projeto é de R$ 70 milhões, incluindo a desapropriação de, aproximadamente, 300 famílias, que ocuparam o trecho onde passa a ferrovia.  

A estrada de Ferro foi inaugurada no dia 19 de fevereiro de 1883 e esteve ativa por mais de 80 anos. Ela partia da Estação Guia de Pacobaíba e ia até o município de Magé. A viagem inaugural contou a presença do Imperador D. Pedro II. Ela foi extinta em 1964, quando o ramal ferroviário foi considerado antieconômico. 

Mais de 40 anos depois foi criado o Grupo de Trabalho, chamado GT-Trem, subordinado ao Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e coordenado pela funcionária do Museu Imperial, Isabela Verleun, com o objetivo de reativar a ferrovia. O grupo realizou inúmeros seminários e eventos ao longo dos anos e teve algumas conquistas, como a assinatura do Termo de Cooperação Técnica em 2011 e o projeto de lei n º 2736/2009, do deputado João Pedro, que foi sancionado pelo ex-governador Sérgio Cabral em 2010, por meio da Lei 5.791, de 22 de julho de 2010 (anexa). A lei considera a reativação como de relevante interesse turístico e econômico para o estado. Porém, após alguns anos sem nenhum avanço, o grupo que pertencia ao GT-Trem, que era composto por 20 pessoas, resolveu se desvincular do Comtur e passou a se reunir junto ao Grupo de  Trabalho de Mobilidade, da Frente Pró-Petrópolis (FPP).

Isabela Verleun explicou que é necessário fazer o levantamento destas famílias que vivem na área invadida e também que seja estabelecido um local para que elas sejam direcionadas. “Este é o maior entrave para que a reativação de fato aconteça”, disse. Além disso, ela contou que logo quando o prefeito Rubens Bomtempo assumiu a prefeitura, em 2013, ele convocou uma reunião com o GT-Trem, onde mostrou um projeto que englobava além da recuperação deste trecho, a implantação dos Veículos Leves sobre Trilhos, ligando o Alto da Serra ao centro da cidade. “Era um projeto de R$ 217 milhões que, segundo ele, seria entregue ao Ministério das Cidades, o que até onde sabemos, não aconteceu”, lamentou. 

Jonny Klemperer, membro do Conselho Gestor do Parque Tecnológico Região Serrana, e também um dos idealizadores da volta do trem, afirmou que a saída do GT-Trem foi a forma que o grupo encontrou para atuar de forma livre e independente. “Condicionados ao Comtur, dependíamos da aprovação da Fundação de Cultura e Turismo e a ideia é que agora tenhamos mais autonomia e consigamos avançar sem o engessamento institucional”, salientou. 

Em uma das reuniões da Frente Pró-Petrópolis, que aconteceu no dia 3 de junho, Jonny pediu ajuda ao presidente da OAB Petrópolis, Antônio Carlos Machado, para fazer valer a lei 5.791. Na ocasião, o presidente sugeriu a criação de uma comissão para abordar este assunto, uma vez que, segundo ele, o turismo traz dinheiro e é preciso investir nele. 

No ano passado, o grupo que luta pela reativação da ferrovia chegou a enviar um ofício para o prefeito, solicitando uma audiência pública, para debater o assunto,  mas não obteve nenhuma resposta nos últimos 8 meses. 

Isabela destacou ainda que a reativação da estrada de ferro irá beneficiar o acesso para todos os moradores e turistas que vão ter mais uma alternativa para fazer o trajeto Rio – Petrópolis e vice-versa. Além disso, ela acrescentou que este será um resgate cultural e ambiental para uma região que está totalmente esquecida e tomada por invasões e pessoas que vivem com baixa qualidade de vida.  “Esse projeto é de suma importância para a cidade. Vislumbramos esta ligação com a capital do estado, como uma forma de fugir da Linha Vermelha e de enfrentar os problemas que acontecem diariamente na rodovia. A estimativa também é que o preço da passagem seja semelhante ao valor pago para viajar nos ônibus”, comentou. 

Ela acrescentou que agora é necessário que exista uma atitude da prefeitura junto a Secretaria de Planejamento para solucionar o caso. “O que falta agora é uma ação política do poder público e que se estabeleça o processo de revitalização como prioridade”, enfatizou. 

Jonny ressaltou que será mais uma opção de mobilidade e ainda existe a possibilidade de um desembarque próximo ao aeroporto Tom Jobim no Rio, fazendo a ligação pela Ilha de Pacobaíba. “Hoje só temos uma opção para fazer esse deslocamento”, lembrou. 

Ele afirmou que para que o projeto seja executado é preciso que seja feito um estudo de viabilidade  econômica e técnica. “Para recuperar os 6 quilômetros de trilho, a estimativa é que sejam necessários dois anos. Mas, se for levado em conta o projeto apresentado pelo prefeito esse tempo será um pouco maior. A nossa expectativa era que ficasse pronto para a Copa, agora esperamos pelas Olimpíadas”, concluiu. 

 

Aline Rickly
Redação Tribuna



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