Petrópolis, 29 de Março de 2024.
Matérias >> Artigos
   
  UM SONHO DE CÂMARA

Data: 02/11/2015

 

 

UM SONHO DE CÂMARA

Philippe Guédon

 

         Petrópolis, que assombram tenebrosas perspectivas financeiras, optou – por atos e omissões – substituir planejamento participativo alcançando o médio e longo prazo por arrancos improvisados e pontuais. Resta ao povo, alijado das decisões, o direito de sonhar.  E percebo que pouco temos sonhado sobre o nosso Legislativo.

         A Câmara de meus sonhos seria composta por vinte e um vereadores, cujas candidaturas seriam propostas por partidos e por segmentos independentes de filiação partidária, integrados por número de apoiadores não menor do que a representação municipal do partido que contasse menos filiados aqui, para não ferir o princípio da igualdade. Pois os vereadores devem representar o povo local e não um intermediário, como hoje ocorre; como todos os eleitores são iguais perante a Lei, é um absurdo privilegiarmos aqueles que são filiados a um partido; únicos que podem participar da seleção e da “nominata”. Dividiram os eleitores entre uma 1ª classe (10%) e uma 2ª classe (90%); tenham dó!  Gozado que as Cortes não se tenham revoltado contra o que me aparece como baita inconstitucionalidade.

         O custo do Legislativo poderia baixar cerca de 80%, liberando recursos para o bem-comum e aprimorando a sua eficácia. O episódio da prorrogação do contrato da Cia. Águas do Imperador não me deixa mentir. A caríssima máquina atual nada viu, nem fez após ser alertada.  Se a Câmara fosse composta por vereadores indicados pelo povo de Petrópolis e não só pelo atual cartel de partidos, o fim da “reserva de mercado” implicaria na candidatura de muitas pessoas que se recusam à prévia filiação em organizações pelas quais não nutrem respeito, como condição para poder servir o Município. A remuneração de cada vereador poderia despencar do atual nível sem lógica para uma ajuda de custos que se situasse entre 700 e mil reais, a fim que ninguém se considerasse impedido por não poder custear terno, gravata e camisas, taxi para voltar para casa tarde à noite e outras despesas inevitáveis. Assessorias de gabinetes? Nenhuma. O corpo técnico da Câmara (e a população) estaria ao dispor dos vereadores, com uma eficiência muito maior e um custo muito menor. Se, a cada quadriênio, nossa Câmara já redirecionasse para a saúde, a educação, os transportes, habitação e serviços sociais algo como 80 milhões de reais, já seria uma baita ajuda.

         Implodido o cartel partidário que se reserva o direito exclusivo de indicar candidatos – por que, por favor? – o patamar ético das preocupações daria um imenso salto é frente. A direção dos partidos no DF, teria que levar em conta a sadia concorrência dos independentes eleitos por Petrópolis, para Petrópolis e com Petrópolis. Os “P” isto e aquilo botariam as barbas de molho ao serem desafiados a cada eleição.

         Ser vereador voltaria a ser uma honra, não um degrau de uma carreira política. As pessoas abririam mão de parte de seu tempo para servir a sua comunidade, e depois voltariam ao exercício de sua profissão.

 

         Este sonho pode virar realidade? Eu conheço quem já esteja saindo de seus cuidados por esta bela causa. Que requer partidos, não monopólios. 




 

 

DADOS MUNICIPAIS EQUIPEWEB DADOS MUNICIPAIS DADOS MUNICIPAIS