Petrópolis, 28 de Março de 2024.
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  LA FONTANA DI TREVI fluminense

Data: 30/04/2017

 

LA FONTANA DI TREVI fluminense

Philippe Guédon *

 

            Ocorreu-me que deveríamos experimentar, nós cidadãos de Petrópolis/RJ, um sentimento de orgulho que não anda tão disponível assim do Oiapoque ao Chuí. Pois a nossa Câmara Municipal está a merecer o título de “Fontana di Trevi fluminense”, o que não é pouca coisa.

            Não é sem motivos que podemos pretender ao título. Pois é sabido ser a Fontana di Trevi um dos mais belos monumentos de Roma, que já foi capital na Antiguidade de admirado Império. O Palácio Amarelo é belo imóvel tombado, valorizado por um conjunto urbanístico digno da admiração dos turistas, bem no coração de Petrópolis, primeira Cidade Imperial das Américas. Cidade de Pedro, não é pouca coisa, sendo Pedro quem foi.

            A Fontana di Trevi também se caracteriza por outro aspecto: segundo a tradição, quem formula um desejo profundo e nas águas de seu plano de água joga uma moeda, bem pode ver o seu sonho atendido. Pois é admirável que entre nós, também, um costume semelhante se tenha instalado. No Palácio Amarelo instalamos a nossa Câmara Municipal, objeto das esperanças de trezentos mil petropolitanos. Não por tradição, no nosso caso, mas por dolorosa obrigação, também jogamos moedas e notas no poço sem fundo do Palácio Amarelo, esperando ver os nossos votos transformados em realidade.

            Em Roma, como aqui, não se duvida da sinceridade de quem formula e de quem deposita votos. Em Roma, como aqui, há que ser crédulo para pensar que as moedas e as cédulas terão outro fim que não o bom uso em proveito próprio pelos espertos que as recolhem...

            Encantou-me a possibilidade de dar nome aos bois de maneira tão poética. É bem verdade que as águas da Fontana são rasinhas e a nossa Câmara é um sorvedouro imenso. As proporções brasileiras são sempre maiores, como já o demonstrou a Lava-Jato, reduzindo a Cosa Nostra a “coronéis” do interior. A Fontana, com suas moedinhas, não é páreo para a nossa Câmara e os seus trinta milhões oficiais.

 

            Não sei informar, caros leitores, se a Fontana di Trevi já atendeu algum anseio; o Palácio Amarelo, já. Resolve admiravelmente os sonhos mais delirantes de quinze vereadores e de seus apaniguados. Carros, combustível, viagens, selos, baterias, passeios, gabinetes e vencimentos de marajás do Butão. O Município, sem planejamento, sem participação, sem nada que se apresente ou mereça aplausos (e não remonte ao Império ou a Oswaldo Cruz), e sem vereadores que arregacem as mangas, talvez se alegre um pouco ao saber que os romanos fazem o mesmo que nós – paguem por quimeras - embora eles o façam com moedinhas, dessas que já sumiram aqui por falta de “sustância”.

 

* Coordenador da Frente Pró-Petrópolis (FPP)




 

 

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