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  Engajamundo: Juventude ativista

Data: 22/06/2014

 

Engajamundo: Juventude ativista

Por: Eduarda Carvalho em 22/06/2014 - O Fluminense

 

A organização não governamental Engajamundo foi pensada por jovens com o objetivo de tornar mais efetiva a participação da juventude brasileira em decisões referentes ao meio ambiente. Foto: Arte

 

Foi em janeiro de 2012, durante o Comitê Universitário Paulista para a Conferência Rio+20, que surgia, na cidade de São Paulo, o “Engajamundo”. A organização não governamental, sem fins lucrativos e apartidária, foi pensada por jovens com o objetivo de tornar mais efetiva a participação da juventude brasileira em decisões referentes ao meio ambiente, desenvolvimento social e gênero. Interessante, mas até aí sem novidades, certo? O diferencial neste caso é que, junto com a organização, nascia uma força nova, determinada a incentivar no País um hábito pouco desenvolvido: o envolvimento dos brasileiros nos debates internacionais que acontecem diretamente no órgão plenário da Organização das Nações Unidas (ONU). Para a sorte dos niteroienses, o Engajamundo está chegando à cidade sorriso.

 

“Ainda estamos criando nosso grupo de trabalho, mas este ano demos nosso primeiro passo. A ideia era ministrar uma capacitação para os interessados no Rio antes do início da 58ª CSW (Comissão sobre Status da Mulher), que aconteceu do dia 10 a 21 de março, em Nova Iorque, mas a reunião acabou ocorrendo concomitantemente à CSW. A capacitação consistiu no debate de temas agrupados em três partes: ‘Introdução à ONU e funcionamento da CSW’, ‘A 58 CSW e a mulher no Brasil’ e ‘Como participar nas conferências’. Na ocasião, conversamos via videoconferência com representantes do Engaja que estavam participando da Comissão”, conta Ketty Dias, estudante de Relações Internacionais da Unilasalle, onde aconteceu a reunião.

 

A trajetória de Ketty junto ao Engajamundo começou por curiosidade. Em outubro de 2013, após participar do evento Festival Cidade Polifônica, em São Paulo, a entusiasta da organização em Niterói soube da existência do grupo. Posteriormente, descobriu que alguns dos jovens paulistas estavam participando da COP 19, uma conferência sobre mudanças climáticas, na Polônia.

 

“Tentei participar de uma conversa via skype com a delegação. Não consegui devido a problemas técnicos que a equipe teve no dia, mas fiquei tão animada que entrei em contato com os idealizadores do Engajamundo para saber como poderia fazer parte”, lembra.

 

Este contato foi fundamental. Foi assim que Ketty conheceu a paulista Carina Carvalho, formada em Relações Internacionais e atuante no Engajamundo desde o início do projeto. De mudança para o Rio de Janeiro, a jovem não perdeu tempo e tratou de acelerar o processo para a constituição de uma sede fluminense da ONG.

 

“A ideia do Engaja sempre foi ampliar o programa. Como eu estava de mudança, entrei para articular o movimento por aqui”, explica Carina, que desde os tempos da escola se interessa pela ONU e, por isso, escolheu cursar Relações Internacionais.

 

O fato de grande parte dos envolvidos com o Engajamundo optarem pelo curso em questão não é coincidência. Obviamente, o conteúdo programático das Relações Internacionais, em geral, aponta como uma das opções de carreira a ocupação de cargos em organizações como a ONU. A coordenadora adjunta do curso de Relações Internacionais da Unilasalle fala da importância de apoiar ações como estas:

 

“O curso de Relações Internacionais é novo no Brasil, o nosso vai completar 10 anos. Por ser bastante concorrido e exigir formação múltipla, a procura maior fica por conta dos jovens que querem ingressar na diplomacia, na área de comércio ou entrar em organizações. O alunado costuma ter um perfil parecido: gosta de pesquisar, viajar e se interessa em conhecer outras populações, etnias e religiões. Assim, nada mais natural do que ajudarmos com o mínimo, como a tecnologia da sala de videoconferência da universidade, para incentivar a disseminação de projetos como o Engajamundo, e a consequente troca de ideias e proposição de soluções”, afirma Patricia Carvalho.

 

Para Rickson Rios, coordenador geral do curso na universidade lassalista, a participação de jovens neste tipo de projetos é benéfica em duas direções.

 

“No âmbito da ONU e em outras organizações por via da sociedade civil é fundamental. Eles se conscientizam sobre os problemas sociais e amadurecem diante das questões que os farão ter uma visão mais profunda quando ocuparem cargos de liderança. E os próprios debates também tendem a ganhar com a percepção e visão do jovem, destituídas de vícios que a sociedade acaba estabelecendo”, ressalta o coordenador.

 

O paulista Lucas Valente, de 22 anos, e o recifense Renato Ramalho, de 21, são exemplos da expressão renovadora citada por Rickson. Eles participaram da 58 CSW, em Nova Iorque, e são os integrantes que conversaram por videoconferência com o grupo de Niterói. Como representantes da ONG durante a Comissão, os jovens entregaram uma carta de propostas para a vice-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Lourdes Bandeira. O documento continha sugestões coletadas pelo Engajamundo durante capacitações em três regiões do Brasil, que aconteceram em fevereiro, e repassaram o conteúdo apresentado em Niterói.

 

“A vice-ministra recebeu nossas propostas com ânimo. Ela corroborou nossas ideias perante outras delegações e encaminhou o documento para a Secretaria de Políticas para Mulheres, em Brasília. Também entregamos a carta ao representante permanente do Brasil junto à ONU, o embaixador Antonio Patriota”, conta Renato Ramalho, aluno de Direito da Universidade Federal da Paraíba. O jovem é a prova de que cursar Relações Internacionais não é pré-requisito para se envolver com temáticas globais.

 

Na mesma situação de Renato, o estudante de engenharia Agrícola e Ambiental Antonio de Sousa, de 21 anos, participou da capacitação em Niterói e não pensa em parar.

 

“No Brasil, temos uma cultura fraca em termos de participação em conferências internacionais. E o nosso principal objetivo justamente é mudar isso. Não penso em mudar a área que escolhi para ter como profissão, mas quero avançar mais com o Engajamundo. Qualquer jovem, de qualquer lugar do país, pode se inscrever. Serão bem-vindos ao time”, conclui Antonio.

 

www.engajamundo.org

 




 

 

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