Petrópolis, 28 de Março de 2024.
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  NYET

Data: 30/08/2015

 

 

NYET

Philippe Guédon

 

         Nyet. A resposta é não, administrativamente não, embora a simpatia pessoal que se tenha consolidado através dos anos. Neste terceiro e decisivo ano de Governo, Petrópolis escolheu ignorar os que se dedicam à gestão participativa por crer em sua lógica, no montão de leis e seus fiscais.

         Lembram da ONU da Guerra Fria? Alguém fazia um discurso recheado de propostas, argumentos, demonstrações, e obtinha o expressivo e decepcionante nyet em resposta. O nyet que merecemos é pior, é o silêncio da indiferença.

         Pois assim terá sido com o Instituto Koeler. O Candidato e os partidos declararam concordar, o Prefeito eleito confirmou e passamos 2013 e 2014 a refazer todo o caminho percorrido sob o Governo Mustrangi. Os personagens coroados e suas Cortes mudaram, mas o resultado é um só. Petrópolis, há meio século ao léu, continuará com seu horizonte entregue às baratas, mudando a cada quadriênio, como se fosse feudo temporário de algumas pessoas e siglas. A população, levada na conversa – como dói – permanecerá de fora. Haverá outros casos como a prorrogação do contrato da Águas do Imperador, de 2027 para 2042, decidida por meia-dúzia de sem-mandatos no meio da cegueira geral dos fiscais. Reforma das estruturas municipais, dos efetivos, dos padrões de gestão, deixa tudo como está a ver como fica. O povo se orgulha de ter cumprido todas as missões confiadas, a tempo e hora. Se era me-engana-que-eu-gosto, problema de quem não jogou aberto. Desde final de novembro de 2014 aguardamos uma resposta, um sinal, um telegrama, um aceno. Vivemos de ecos da Corte: “parece que ontem, o Marquês sussurrou ao Barão que o Duque...”,

         O INK foi para o buraco a troco de mais do mesmo, ou seja, de nada. Pois era o antídoto ao poder partidário, que faz de nós todos marionetes. Nau sem bússola e “programas de governo” quadrienais estão fadados ao fracasso. A União não nos deixa mentir.

         As audiências públicas continuam ridicularizadas, nas fases de elaboração e de discussão. O jorro de leis a respeito esbarra nos superiores interesses da política partidária. Já sabemos o bastante para avaliar que nada será feito que não seja pela iniciativa popular. Peço para ver o relatório da AP sobre a LOA do dia 18. Desde o edital convocatório e os documentos então disponíveis, até a folha de presenças e a ata. Submeti 24 considerações à SPE, temo que o seu destino seja a coleta seletiva. Até aqui, silêncio. As leis? Ah! as leis...

         Até poderia entender um nyet à gestão participativa, por escrito e assinado em baixo. Me machuca a resposta zero, me fere o tempo que se escoa, me decepciona constatar que as aparências recebem a primazia sobre as medidas concretas. Sou muito agradecido pelas gentilezas de que sou objeto; mas onde estão as respostas sobre INK, cidades sustentáveis, efetivos, estrutura, audiências públicas, capacitação, RPPS, Águas do Imperador, o mundo real, enfim? Petrópolis teria donos, um punhado a resolver o que todos os demais devem cumprir?  Perdoem, mas não contem comigo para isso.

 

         Há quarenta anos, me dedico à gestão participativa. Quebrar a cara faz parte do jogo, mas mudar de time está fora das cogitações. 




 

 

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