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  AMEAÇAS E OPORTUNIDADES

Data: 22/04/2015

 

 

AMEAÇAS E OPORTUNIDADES

Philippe Guédon

 

Multiplicam-se ecos, vindos da União e do Estado, sobre casos de incompetência administrativa e de “malfeitos” despercebidos. Acrescentem a ausência de planejamento e a peçonha que destilam os marqueteiros políticos. Resultam coisas assim: cortam-se verbas da “pátria educadora” e multiplicam-se por três as do Fundo Partidário. Comentar o quê?

Os municípios que não se virarem desde logo com os seus próprios meios vão se machucar. Petrópolis não largou na frente, mas reúne as melhores condições para safar-se da grossa encrenca: autoridades e recursos humanos competentes, tradição participativa da sociedade, mesmo quando não acolhida de braços abertos. No caso, a ameaça vinda de fora é tão grande que as divergências locais tornam-se irrelevantes. Ganhamos rara oportunidade para colocar a casa em ordem. A tragédia do Cuiabá está aí para nos evidenciar que nada podemos esperar de Brasília e Rio de Janeiro, além de prepotência, sobrevôos, atas sem fim, e resultados pífios.

Falemos entre petropolitanos, deixando para lá a União e o Estado pelo tempo deste raciocínio. De que carecemos de modo central? Em primeiro lugar, de um planejamento participativo de verdade, desembocando em sistema orçamentário que a população entenda e ajude a elaborar, fiscalizar e avaliar. Como? Criando, enfim, o Instituto Koeler, gerenciado por Conselho paritário Governo e Sociedade, como deve ser todo órgão cuja atividade alcance o médio e longo prazo, além do limite dos mandatos em curso.

Em segundo lugar, não podemos mais pospor uma nova estrutura administrativa. A longa lista de órgãos de primeiro escalão deve ser enxugada, permitindo redução de gastos, aluguéis e efetivos. A última consolidação da estrutura foi feita em janeiro 90, após um ano de trabalho e sem o uso da então inexistente informática. Desde então, foi sendo desfigurada por acréscimos pontuais, sem revisão do conjunto. Creio que podemos reduzir em 30% a estrutura existente.

O terceiro ponto interessa nossos efetivos. De 1989 até hoje, dobramos os efetivos, apesar de terceirizar o saneamento básico e a coleta de lixo, e de atingirmos um inegável grau de eficácia na informatização da PMP e da CMP. Recomenda o IBGE que tenhamos cerca de 9.000 componentes da Folha; ora, temos 11.500... E faltam-nos competências a rodo. Dá para empurrar com a barriga? Não, Petrópolis não aguentará, como se encontra, o tranco dos sismos cujos epicentros localizam-se em Brasília e Rio.

O quarto ponto consiste em recorrer à força e aos talentos sem ônus da gestão participativa. Vamos aprimorar nossas audiências públicas incipientes, disponibilizar capacitação aos conselheiros e lideranças comunitárias, e retomar a prática do Orçamento Participativo, a grande escola prática da vida pública.

 

Oxalá não percamos a ocasião, quando todos comungam sobre a crise que assola Rio e Brasília, e sabem que teremos que nos mostrar à altura, unidos e corajosos. Petrópolis, se quiser, tira de letra. Ou espera (sentada) sobrevôos salvadores.




 

 

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