Petrópolis, 28 de Março de 2024.
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  O INEVITÁVEL ADVENTO DA PARTICIPAÇÃO

Data: 18/03/2015

 

 

O INEVITÁVEL ADVENTO DA PARTICIPAÇÃO

 

Philippe Guédon

 

Os momentos mais significativos da vida política de Petrópolis foram aqueles marcados por intensa participação popular. Cito: a Primavera de Petrópolis de Paulo Rattes entre 1983 e 1987; o Fórum Popular, nascido da resistência ao modelo equivocado de aprovação do Plano Diretor e da LUPOS que se quis seguir em 1990 e 1991; a elaboração democrática da LUPOS, por este mesmo Fórum e pelo Governo Leandro Sampaio, infelizmente desfigurada pela Câmara logo a seguir (sem reação do Executivo), em 87 e 88. O Tempo de Participação de Rubens Bomtempo, de 2001 a 2004, com o florescimento dos Conselhos e a ativação desta jóia esquecida que foi o Orçamento Participativo de Petrópolis. A formação da Frente Pró-Petrópolis, nascida da catástrofe do Cuiabá a convite da Mitra e que cedo identificou a ausência de planejamento (federal, estadual e municipal) como a causa maior de nossos males. A mobilização dos Distritos pela NovAmosanta, retomando a trajetória da AMAI-Itaipava no final dos anos 70. A peregrinação em busca da atualização do Plano Diretor que caducara e da criação do Instituto Koeler, ao longo dos dois últimos anos do Governo Mustrangi. E, neste momento, a imensa esperança que anima a FPP de ver nascer o Instituto Koeler e o planejamento participativo institucionalizado, a normatização das audiências públicas em Petrópolis (a valer da LDO para 2016?) e a implementação da capacitação de conselheiros e lideranças comunitárias, condição sine que non para a gestão participativa. Estes três avanços de considerável potencial serão mérito da atual Administração Bomtempo.

Desde Paulo Rattes, Petrópolis forma entre os Municípios pioneiros nas práticas participativas. Às vezes com apoio do Governo, outras vezes sem conseguir diálogo, ao longo desses 32 anos. Encarapitado sobre este observatório de onde se descortina raro panorama, quer-me parecer que o sistema político partidário que adotamos, baseado no monopólio eleitoral dos partidos selecionarem os candidatos sobre os quais os eleitores poderão votar, está dando os seus últimos suspiros. São os próprios partidos, na sua maioria, que se atolaram na corrupção, no fisiologismo, na perenidade e concentração do poder interno, e/ou no desrespeito à legislação eleitoral e partidária insuficientemente fiscalizada.

A falsa participação de “movimentos sociais” subsidiados pelo erário, também foi fragorosamente rejeitada no último dia 13, quando os “exércitos” a soldo oficial marcharam em meio à indiferença popular, apesar das facilidades de que dispuseram.

O que o povo deseja é a verdadeira participação, livre, franca, municipal, sem intermediários, respeitada e ouvida. A subsidiariedade do Ensino Social Cristão. Esta que marcha junto, sem deixar de ser grilo falante. Em verdade, ela é o sol que vai coarar o nosso processo político, afastando as sombras em que se move hoje.

Neste momento em que a União e o Estado surgem enfraquecidos por seus próprios erros e contradições, o Município cresce – como devido – em importância. É a sua hora e vez, que só será plenamente aproveitada em ambiente de gestão participativa.




 

 

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