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  Lição de civismo e participação - Gastão Reis

Data: 06/07/2019

 

Lição de civismo e participação

Gastão Reis - Empresário e Economista

 

As manifestações ocorridas no dia 30 de junho passado, num domingo, em que a população abriu mão de seu lazer para se posicionar politicamente, dão bem a medida do estado de alerta em que se encontra em relação ao combate à corrupção e às reformas imprescindíveis para destravar o País como as da previdência, sem cortes, e a tributária.

A firme defesa dos ministros Sérgio Moro e Paulo Guedes denota maturidade e foco dos manifestantes. Não foram slogans ou palavras de ordem vazios. Moro foi defendido duplamente. Primeiro, contra a invasão de seu celular por hackers movidos por má-fé e o intuito de desmoralizar a Lava-Jato. Segundo, em defesa de seu projeto de lei contra a corrupção endêmica que tomou conta do País. Quanto à Reforma da Previdência, deixaram claro que a querem nos moldes propostos pelo ministro Guedes, que inclui a capitalização.

Impressionante tem sido a pronta resposta dada pela Nação – e viva as redes sociais! – àqueles que deveriam ser os primeiros a serem fiéis ao recado das urnas na última eleição presidencial. Gato escaldado tem medo de água fria. O cidadão brasileiro tem plena consciência do risco de as reformas serem desidratadas – ou adiadas por décadas! – no congresso, como já ocorreu no passado com as (sempre em pauta) reformas da previdência e a tributária. Ambas custaram ao bolso do contribuinte verdadeiras fortunas por terem sido postergadas muito além de qualquer período de tempo razoável.

No caso do ministro Moro em suas idas ao congresso, a população tem se sentido reconfortada por suas respostas firmes e corretas, em especial sobre os vazamentos de suas conversas com o procurador Dallagnol. Nada ali, tem desvio de rota suficientemente sério para invalidar acusações e sentenças já sacramentadas, em especial a de Lula, que continuará a responder por mais meia dúzia de processos graves. Invalidar as decisões da Lava-Jato é o objetivo maior do site Intercept que quer, a todo custo, ver Lula reabilitado. E pouco importa a pesadíssima conta que tem a pagar como responsável último por ter permitido que o mensalão e o petrolão fossem adiante como foram.

Já as idas ao parlamento do ministro Guedes têm se celebrizado pela frequência e verve. Ele bateu o recorde de todos seus antecessores, tendo se apresentado aos senhores deputados e senadores, em nove audiências, em menos de meio ano. É verdade que tem sido duro ao expor os riscos a que estamos sujeitos se o congresso não aprovar as reformas. Após seis horas de audiência, com o início da baixaria, ele diagnosticou: “Eu já entendi o padrão da Casa.” Foi o bastante para espocarem as falas simultâneas de protesto. Deputados da oposição estão sempre prontos a fazer ataques e ofensas pessoais. E, ato contínuo, se dizem ofendidos quando levam uma estocada sobre o baixo nível do modo como se comportam. De fato, ao se dizer respei-toso, o ministro estava sendo coerente. Só bate no fígado quando provocado.

Esse tipo de comportamento grosseiro de deputados da oposição se chocava visivelmente com as cenas de civilidade da população nas ruas. Sem dúvida, foi emocionante, em São Paulo, a cena em que as pessoas, na imensa estação de Pinheiros do metrô, se dirigiam para a plataforma cantando o hino nacional. Na mesma toada, caminhoneiros, ajoelhados, faziam o mesmo, acompanhados pelos policiais que lhes faziam a segurança. Ou seja, um clima de ordem e determinação de quem sabe o que quer.

Um dos momentos mais tocantes da manifestação na Avenida Paulista foi quando a população cantou, em uníssono, Como é grande o meu amor por você, celebrizada por Roberto Carlos, em homenagem ao ministro Sérgio Moro. Já no congresso, o ministro Moro teve que ouvir do deputado Glauber Rocha, do PSol/RJ, que o chamou de “juiz ladrão e corrompido”, que teria se vendido em troca de um cargo. Completo non sense de quem, na mesma sessão da comissão, se esmerou em defender corruptos condenados em segunda instância.

O ponto alto (e triste) da sessão foi a intervenção do deputado Marcel van Hattem, do Novo/RS, em defesa de Moro, afirmando que era de estarrecer parlamentares estarem ali defendendo a soltura de bandidos condenados. E que era de dar vergonha um parlamento assim. A população, nas ruas, assinou embaixo.

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