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  Democracia vive crise de representação

Data: 18/10/2016

 

Democracia vive crise de representação

 
• FH: falta de referências e insatisfação crescente são desafios contemporâneos

- O Globo
 
As questões enfrentadas pelo sistema político brasileiro são, na verdade, efeitos de uma crise da democracia representativa que afeta o mundo inteiro. A ressalva é necessária, diz Fernando Henrique Cardoso, porque ajuda a entender o desafio que os atores políticos precisam enfrentar. Durante o encontro “E agora, Brasil?”, o ex-presidente alertou para a distância entre o cidadão e seus representantes políticos:
 
— Há um sentimento crescente de que “eles”, o setor que se interessa por política, é diferente de “nós”, aqui da vida real.
 
Ao mesmo tempo, os partidos perderam o status de referência, diante de uma sociedade composta por muitas identidades.
 
— Ainda estamos com as formas tradicionais de representação política na cabeça. Olhamos o futuro com um olhar do passado. Tem mais ingredientes (na sociedade) do que ser de esquerda, centro, direita.
 
FH alerta, inclusive, para o avanço da direita no país. Porém, diz que não existe base para uma direita tradicional:
 
— Existe esse pensamento na cultura. É uma direita comportamental. Não é intrinsecamente reacionária. É um atraso, que começa a ter presença, mas não está estruturado.
 
O cerne da questão, diz ele, é a falta de referências demandadas pela população.
 
— Hoje você não sabe os nomes dos generais, o que é bom, mas também não sabe o dos cardeais — afirma. — A sociedade contemporânea vive um vazio de coesão. Paradoxalmente, o papel da liderança cresce. Quando não tem nada estável, onde se segurar? Como explicar a permanência da Marina (Silva) nas pesquisas eleitorais? É a referência.
 
Para FH, a crise representativa tem origem nos anos 1970, quando se consolidou o debate sobre liberdades individuais, e não mais de classes. A globalização não resolveu questões importantes nesse sentido, o que provoca insatisfação crescente.
 
— O Brexit expressa a voz dos perdedores da globalização. (Donald) Trump sabe disso. No passado, quando isso aconteceu, deu no fascismo. Vai acontecer agora? Não sei. Mas alguma coisa vai acontecer.



 

 

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