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  DELENDA NANICOS!

Data: 02/06/2015

 

 

DELENDA NANICOS!

Philippe Guédon

 

         Creio que pouparíamos tempo se as nossas máximas autoridades políticas resumissem o seu pensamento num projeto de lei que poderia assim ser redigido:

         “Considerando que os nossos maiores partidos e/ou algumas de suas lideranças estão envolvidos com Mensalão, Petrolão, Acrônimo, e outros malfeitos e que convém encontrar um bode expiatório jeitoso;

         Considerando que o nosso sistema eleitoral foi balizado pela Assembléia Constituinte composta por bancadas de grandes partidos existentes em 1988, e que o monopólio eleitoral com o qual se presentearam deve ser preservado;

         Considerando que monopólios e cartéis se enfraquecem e até inviabilizam quando aumenta o número de participantes, como ensinaram os episódios alcunhados de Petrolão e Tremzão;

         Considerando que Esopo já antecipava a ira do lobo contra a ovelha que bebia a jusante e mesmo assim poluía a sua água;

Resolve:

Artigo 1º - A culpa pelo descontrole na governança e pela multiplicação de malfeitos passa a ser atribuída aos “nanicos”, responsáveis por nascer e perturbar o status quo.

Artigo 2º - A afirmação de termos partidos em demasia no Brasil passa a ser considerado dogma político, vedada a produção de provas em contrário.

Artigo 3º - Não sendo compatível a democracia com o monopólio de prévia seleção dos candidatos pelos partidos, opta-se por este último, reiterando a proibição de apresentação de candidato avulso ou sem-partido;

         Brasília,...”.

         Acreditamos que a proposta acima evitaria a infrutífera busca por argumentos pró- sistema atual. Também escusaria criarmos regras tão tolas quanto à do meio milhão de apoiamentos sem qualquer compromisso para que se crie um partido, convite à multiplicação de “cabos apoiadores” profissionais.  

Afinal, é patético ver lideranças dos Três Poderes afirmarem que temos siglas em demasia quando uma rápida busca básica de informações nas “wikipédias” de alguns países, por um velhote desocupado, proporciona o seguinte quadro: temos, na Alemanha, um partido para 6,8 milhões de habitantes. A seguir, vem o Brasil, com um partido para 6,3 milhões de habitantes. Em terceiro, na nossa amostragem, a França, com um partido para 4,4 milhões de habitantes. E os Estados Unidos com uma sigla para cada 4,1 milhões de habitantes. Espanha e Reino Unido empatam com um partido para 2,2 milhões de habitantes. A Suíça conta com um partido para 1,6 milhão de habitantes. E a Argentina aparece com a excêntrica proporção de um partido por grupo de 60.000 habitantes, pois lá contamos com 710 partidos (nacionais e provinciais).  Causa espanto que pareça não existir um mísero computador funcionando nos Três Poderes...

 

No caso, o contraditório, decantado no mundo do Direito, é varrido para fora dos palácios e “parlashoppings”. Pode-se talvez, penso com meus botões, pedir um favor: não sendo de todo possível evitar autoritarismos, pelo menos que nos poupem os nossos líderes de argumentos que nem os homens de Cro-Magnon considerariam, minimamente, firmes e valiosos. A teoria da evolução, vista dos primórdios, arriscaria um sério descrédito e geraria imensa decepção pelos seus pífios resultados. 




 

 

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