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  A saudável reação conservadora - Gastão Reis

Data: 17/08/2019

 

A saudável reação conservadora

Gastão Reis - Empresário e Economista


O Brasil tem um pendor bizantino ao discutir seus grandes temas políticos, sociais e econômicos. Ou seja, aquele tipo de debate desfocado em que não conseguimos chegar ao âmago das questões em pauta. Um bom exemplo é o caso do regime político que melhor nos serviria. Com frequência entram no palco dois atores, república versus monarquia, quando na verdade o foco deveria ser regimes capazes de preservar o interesse público (bem comum) e aqueles que não o são. Nessa linha, é fácil perceber que uma monarquia parlamentar pode resolver tão bem a questão, ou mesmo melhor, do que uma república. É óbvio que a Inglaterra é bem mais res publicana do que o Brasil a despeito de ser uma monarquia constitucional. Ou será que alguém diria, de boca cheia, que a república deu certo no Brasil?

Situação semelhante ocorre com analistas políticos, cientistas políticos, sociólogos e outros profissionais da área de humanas ao utilizar a palavra conservador. Com frequência, ela é empregada como se fosse sinônimo de atrasado. Nada mais enganoso, se levarmos em conta países como os EUA ou a Inglaterra, e mesmo o nosso caso ao longo do século XIX com Pedro II. Os países de língua inglesa, de um modo geral, têm uma forte tradição conservadora. Nem por isso são pouco criativos, inovadores ou sem espírito empreendedor. Muito pelo contrário. Atrasados seria um adjetivo nada revelador do que realmente são. Pedro II, no Brasil, também era conservador, e, ao mesmo tempo, estava sempre atualizado com os avanços da ciência e da tecnologia, e incentivando práticas inovadoras como a instalação de telefones no Rio de Janeiro, inclusive ligando Rio a Petrópolis. Fomos o segundo país do mundo a dispor desse meio de comunicação.

Só muito recentemente, começaram a surgir alguns artigos em jornais nos dizendo da falta que faz uma direita esclarecida, vale dizer, gente de perfil conservador e, ao mesmo tempo, com visão abrangente de futuro e socialmente inclusiva. Mas, no Patropi, conseguimos a proeza de montar um espectro político-partidário em que não havia um único partido político assumidamente conservador, de direita, talvez pelo medo de ser visto como coisa atrasada. As siglas adotadas pelos partidos revelam essa preocupação de se esconder sob a capa de chavões populistas. E isso num país em que as pesquisas revelam que mais da metade da população se identifica com valores conservadores.

Ao mesmo tempo, a esquerda se rotulou de progressista, como se fosse a única saída politicamente correta para o País. Durante anos a fio, ela esteve no poder prometendo o paraíso na terra até que a população começou a desconfiar que a coisa estava bem mais com cara de inferno em vida. E foi para as ruas se manifestar, se organizando através das redes sociais. Essa total falta de representatividade política, sindical (patronal e laboral) e mesmo na grande mídia, esteve na origem dessa rebelião da população quando esta se deu conta de que não tinha quem a representasse de fato. Isso mesmo, sem pai nem mãe.

A reação conservadora, a rigor, veio um tanto tarde, mas veio. E é saudável. Processos de corrupção sistêmica nos ditos poderes republicanos (nada mais distante!) que tomaram conta de municípios, estados e governo federal desembocam sempre num relaxamento moral e ético da pior qualidade. A visão do meu umbigo primeiro é fatal quando se pensa no País como um todo. Diferentemente do que escreveu o célebre Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), não é possível, como alternativa, todos se locupletarem. Quem seriam os otários? A única saída é restaurar a moralidade, pois, neste caso, todos podem sair ganhando quando uma comunidade adota padrões de comportamento civilizado, dando um categórico não à Lei da Selva.

O ministro Paulo Guedes tem repetido que a social democracia (governos de esquerda) esteve no poder por trinta anos e que agora é a vez da liberal democracia (governos de direita) mostrar a que veio, liberando as forças produtivas nacionais, e abrindo espaço para o mercado funcionar onde sabemos que ele é imbatível. Nessas horas, é bom lembrar o exemplo do Chile, em que governos de esquerda, após a queda dos militares, não embarcaram em políticas populistas que teriam levado o país à falência. Tiveram o bom senso de manter a política econômica anterior que funcionava. É só seguir o exemplo.

 

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