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  BR-040

Data: 01/03/2013

 O alargamento do trecho da BR-040 entre o Belvedere e Petrópolis poderia custar menos do que um terço do projeto apresentado pela Concer, concessionária que administra a via. A obra orçada pela empresa em quase R$ 900 milhões prevê a construção de um túnel de cinco quilômetros. No entanto, o engenheiro Luiz Antonio Vinhaes, do Comitê Piabanha, garante que o túnel não é necessário, pelo contrário, representaria um risco para o aquífero que há no local e para a segurança dos motoristas, além de dificultar o acesso à cidade, que passaria a ser pela Duarte da Silveira.

 

O engenheiro propõe que o projeto da Concer somente seja aproveitado para o trecho entre o Rio de Janeiro e o Belvedere. De acordo com o projeto apresentado pela concessionária em 2010, a pista de descida daquele trecho seria duplicada, passando a funcionar como subida e descida.

 

Para o restante do percurso, Luiz Antonio propõe que, na pista de subida, haja um alargamento pelo lado de dentro, onde há a mata, já que pelo precipício o gasto com a estrutura de sustentação da rodovia seria muito maior.

 

- O problema da subida é que você não consegue ultrapassar o caminhão, porque a pista é muito estreita, não tem acostamento. Então, do Belvedere para cima, a solução seria cortar três metros de rocha. O impacto ambiental seria muito menor – disse Luiz Antonio.

 

A Concer orçou as obras de duplicação em quase R$ 900 milhões, mas alega ter apenas R$ 280 milhões – referentes aos R$ 80 milhões previstos no contrato de concessão de 1995, corrigidos pela inflação. Para cobrir a diferença de cerca de R$ 600 milhões, a Concer reivindica a prorrogação do contrato de concessão ou o aumento do pedágio – hoje em R$ 8 em cada uma das três praças nos 180 quilômetros concedidos da via. Há ainda outras duas possibilidades: o governo federal pagar a diferença ou realizar outro projeto, por meio da ANTT, mais barato.

 

Para o engenheiro Luiz Antonio, a Concer já deveria começar as obras com os recursos que tem disponíveis. Segundo ele, com os R$ 280 milhões, daria para duplicar o trecho da atual descida entre o Rio e o Belvedere, o que já representaria um alívio para os motoristas em relação a acidentes e congestionamentos.

 

- Já aliviaria, porque não teria mais a curva do Leal, por exemplo – disse Luis Antônio.

 

Aquífero

 

Um dos motivos de Luiz Antonio criticar a proposta de construção de um túnel é a presença de um aquífero no local. O engenheiro é membro do Comitê Piabanha – órgão colegiado que compõe o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SIEGRHI). De acordo com o engenheiro, as obras de construção do túnel, ao perfurarem o aquífero, poderão causar inundações, perda de água e, o que é pior, a contaminação de um reservatório de água que abastece, no mínimo, o Bingen e os bairros próximos.

 

O Ibama já aprovou o projeto de nova subida da serra apresentado pela Concer. Porém, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – responsável pela fiscalização de concessões de rodovias federais – ainda não autorizou o projeto. A expectativa do engenheiro do Comitê Piabanha é que a ANTT e o Ministério Público Federal, que já tem conhecimento da existência do aquífero, impeçam a realização das obras como quer a Concer.

 

O engenheiro está concluindo um levantamento sobre o aquífero, para saber a extensão desse reservatório subterrâneo de água. No entanto, ele afirma já ter certeza que parte do aquífero está onde seria construído o túnel.

 

- Construir esse túnel seria o mesmo que perfurar uma bacia de baixo para cima – disse o engenheiro.

 

Luis Antônio também teme a falta de segurança para os motoristas que trafegarem no túnel de cinco quilômetros. Segundo ele, não é permitido que caminhões com carga inflamável trafeguem em um túnel tão longo. Por isso, como diz o engenheiro, a Concer deveria apresentar uma alternativa para esses veículos.

 

 

Fonte: Diário de Petrópolis




 

 

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