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  No Vale do Cuiabá, o desespero de quem passa os dias de olho no céu

Data: 25/10/2011

Cientes de que o Vale do Cuiabá não recebeu as obras e intervenções necessárias após as chuvas que destruíram a região em janeiro e causaram 74 mortes e mais de 30 desaparecimentos, moradores estão preocupados com a proximidade do período de chuvas de verão. De acordo com a associação de moradores, em localidades como o Buraco do Sapo, cerca de 60% dos moradores já voltaram para suas casas. As chuvas que atingiram o local há quase 10 dias aumentaram a tensão entre os moradores, que vêm se mobilizando em reuniões semanais. Moradores criticam as medidas adotadas pelo Instituto Estadual do Ambiente e a demora em uma solução para dezenas de famílias que, às vésperas do verão, voltam a conviver com o medo. 
“Essa dragagem que estão fazendo aqui não funciona porque eles tiraram a areia e deixaram nas margens, aterraram um monte de lixo junto. A areia depositada nas margens está voltando para dentro do rio. A gente percebe a diferença, por exemplo, do trabalho que estão fazendo nas propriedade particulares e nas áreas do Inea, por exemplo. Em algumas propriedade particulares a vegetação já está crescendo nas margens do rio. Nas áreas que estão recebendo a intervenção do Inea, o que se vê é uma quantidade enorme de areia depositada, onde nem o mato está crescendo”, disse o presidente da associação de moradores, José Quintela.
“Os aterros foram mal feitos. Em menos de uma hora de chuva, o rio encheu, a água descia com muita velocidade e muito lixo foi arrastado das margens. A chuva aconteceu durante o dia e todo mundo já ficou apavorado, um começou a ligar pro outro pra saber como estava o nível do rio mais pra cima e mais pra baixo. As máquinas foram embora e ninguém deu uma solução. Tem muita gente que não tem pra onde ir e está voltando pra cá. Quando chegar o verão, vai ser um desespero, ninguém mais vai conseguir dormir aqui. Precisamos que este rio seja dragado o quanto antes, mas que a terra não seja depositada mais nas margens. O verão aqui vai ser tenebroso, quem mora no Cuiabá não vai ter mais sossego, todo mundo vai ter que ficar em alerta o tempo todo”, disse o morador e comerciante Fábio Leite.
Sem uma definição quanto ao destino das casas que estão nas áreas mapeadas pelo Inea, mesmo moradores que estão na chamada área de exclusão estão voltando para suas casas. “Eles marcaram as casa e disseram que em 15 dias teríamos uma definição. Aceitei a marcação, mas nunca mais eles voltaram aqui pra dizer nada. Minha filha está voltando pra cá essa semana para ficar na casa, porque não podemos abandonar a nossa casa. Estou indo às reuniões que os moradores estão fazendo. Acho que só assim vamos conseguir alguma coisa”, disse o morador José Rego, que é proprietário de uma das poucas casas que resistiu à enxurrada em um condomínio no ponto final do Cuiabá.

JAQUELINE RIBEIRO
Redação Tribuna
 
Fonte: Tribuna de Petrópolis



 

 

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